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Premiado quadrinista Lewis Trondheim vem para Rio Comicon
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DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO
Célebre pelo mau humor tanto quando pelo talento, Lewis Trondheim, 46, diz que hoje tenta ser amigável. "Mas continuo a comer crianças no café da manhã", brinca, em entrevista à Folha. "E a matar adultos no jantar."
O artista, bambambã do mercado franco-belga de HQs, traz agora esse sarcasmo ao Brasil. Ele participa da feira de quadrinhos Rio Comicon, que começa na quinta e vai até dia 23 de outubro.
O evento reunirá artistas vindos de diversos cantos do globo, representando estilos díspares como o europeu (caso de Trondheim), o americano, o japonês e o brasileiro.
O autor participa do debate "Panorama Francês" (leia abaixo) e fala sobre seu personagem Lapinot e HQs como "Donjon", publicada em parceria com o colega Joann Sfar ("O Gato do Rabino").
Pierre Duffour/Divulgação | ||
O quadrinista francês Lewis Trondheim, que vem para o Rio Comicon |
Fundador da editora L'Association, que publica autores de peso na Europa, como Marjane Satrapi ("Persépolis") e Jean-Claude Forest ("Barbarella"), Trondheim dificilmente dá entrevista.
GRAND PRIX
"Não tenho o que dizer sobre minha obra", resmunga. "Acho que ela fala por si só. Mas, às vezes, tento ser mais amigável, mais humano."
Leitores e críticos, porém, sempre têm o que comentar a respeito de seu trabalho.
E o que congratular também. Já premiadíssimo, em 2006 ele recebeu a maior loa das histórias em quadrinhos franco-belgas: o Grand Prix de la Ville d'Angoulême -maior troféu do festival de Angoulême (França), uma espécie de Cannes dos gibis.
Os méritos não o assustam. "É claro que não me sinto obrigado a ser bom. Estaria morto se me sentisse assim. Meu único objetivo é me divertir com o meu trabalho."
A julgar pelo tamanho da obra do artista, ele se diverte bastante. Trondheim é louvado pela alta produtividade, que lhe rendeu a fama de ser um dos quadrinistas mais prolíficos da França.
O truque, conta, foi desenvolver um estilo minimalista.
"Na verdade, não sou um desenhista, mas um roteirista. Me meti a desenhar, a procurar atalhos para contar minhas histórias", diz.
"Encontrei um sistema mínimo de desenhos. Eles são o suficiente para que eu conte o que eu desejo."
E há um ingrediente final: passar muito tempo sentado à prancheta. "Como realmente gosto de quadrinhos, não me importo de trabalhar o tempo todo."
O estilo de Trondheim, nessa busca pelos elementos mínimos do traço, criou personagens estilizados. Não que este seja um projeto artístico: "É porque sou preguiçoso".
"Gasto menos tempo para desenhar personagens com pontos no lugar dos olhos, sem cabelo e com quatro dedos em vez de cinco."
NEGÓCIO
Trondheim é um exemplo da impermeabilidade do mercado de gibis europeus: apenas alguns autores (como, Hergé, de Tintim) perpassam as fronteiras de seus países.
Ídolo na França, Trondheim é pouco traduzido no exterior.
"Sejamos claros: não tenho nenhum 'sonho americano'. O país dos quadrinhos é a França", avalia.
Divulgação | ||
Ilustração do quadrinista francês Lewis Trondheim |
No mercado franco-belga, em que gibis são conhecidos como "bande dessinée" (banda desenhada), vulgo BD, o modelo de negócio é bastante diferente do americano.
Em vez de gibis de super-heróis, a França produz livros de capa dura voltados também para os adultos.
Mas, apesar de não ter um "sonho americano", Trondheim admite que, em alguns momentos inveja, o modelo dos "comics" nos EUA.
"Queria fazer tiras diárias de quadrinhos. Só que, na França, isso é impossível", ressente-se.
Se bem que... "Suponho que, se estivesse nos EUA, por espírito de contradição, iria querer fazer gibis no estilo europeu."
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