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Bancos usam lojistas para oferecer crediário no cartão
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CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
Para impulsionar o consumo, Banco do Brasil e Bradesco fecharam parceria com a Cielo para permitir que consumidores correntistas desses dois bancos possam parcelar as compras feitas com lojistas que usam máquinas credenciadas à empresa.
"Em vez de o lojista simplesmente perguntar se o consumidor vai pagar no crédito ou no débito, vai incluir mais uma pergunta ao consumidor: quer pagar no crediário?", diz Marcelo Augusto Labuto, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil.
O lojista poderá simular, na hora da compra, o valor das parcelas, os juros cobrados e a data do primeiro pagamento. No caso do Banco do Brasil, o cliente pode começar a pagar em até seis meses.
"O crédito já está aprovado para cerca de 13 milhões de correntistas do Banco do Brasil. São cerca de R$ 100 bilhões disponíveis. Para ter acesso a essa modalidade, basta usar o cartão de crédito Ouro Card Visa ou débito Visa Electron. A ideia é revolucionar os meios de pagamento oferecidos hoje", diz Labuto.
Os clientes que usaram essa modalidade de crediário em projeto-piloto do Banco do Brasil compraram eletroeletrônicos em até 48 meses e material de construção em até 54 meses, segundo dados do banco.
"Essa linha de crédito já existia no banco, mas foi readaptada para ser oferecida pelos lojistas", diz o executivo.
Antes de anunciar o pacote de redução de juros, do programa "Bom para Todos", o Banco do Brasil contabilizava por dia cerca de R$ 300 mil usados por meio dessa modalidade de crédito. Metade desse valor era usado na compra de material de construção, com juros de 3,6% ao mês. O valor médio usado era de R$ 1.400.
"Após o corte de juros em nossas linhas, o desembolso aumentou consideravelmente", diz Labuto.
O valor utilizado por dia passou para R$ 1,7 milhão, com juros de 1,90% ao mês para a compra de material de construção. Na compra dos eletrodomésticos, os juros cobrados variam de 1,6% a 1,98% ao mês. O gasto médio dos consumidores subiu para R$ 2.200 a R$ 2.300.
"É uma forma de estimular o consumo e facilitar o acesso ao crediário, uma modalidade muito usada pelo consumidor", diz o professor Cláudio Felisoni, do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e do Mercado de Consumo) e do Provar (Programa de Administração do Varejo), da Fia (Fundação Insituto de Administração).
Como a economia dá sinais de desaceleração, o governo procura tomar várias ações para impulsionar as compras. "A Selic (taxa básica de juros) foi reduzida, os bancos públicos iniciaram movimento de redução de juros e agora as medidas visam facilitar a forma de comprar", afirma Felisoni.
ADAPTAÇÃO
Segundo a Cielo, a função crediário já vem "embutida" na máquina de pagamento. O parque de terminais da credenciadora foi adaptado para capturar as transações nessa modalidade, disponível inicialmente para cartões do Banco do Brasil e do Bradesco.
O objetivo da empresa é "firmar a cultura do crediário como facilidade embutida no cartão e passar a viabilizar, diretamente na ponta do comércio, o acesso do consumidor final ao crédito disponibilizado pelos bancos".
De acordo com a Cielo, a principal vantagem para o lojista é que poderá realizar vendas em até 48 meses, mas poderá receber o valor integral da compra já no dia seguinte da compra.
"O consumidor poderá pagar as compras até o limite do crédito disponibilizado pelo banco, sujeito à análise, aprovação cadastral e demais condições do produto, com comodidade e segurança, no próprio estabelecimento comercial, cliente da Cielo", informa a empresa.
O Bradesco foi procurado pela Folha, mas preferiu não se pronunciar sobre a nova modalidade de empréstimo.
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