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05/06/2012 - 19h06

CVM não confirma investigação sobre ações do Cruzeiro do Sul

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PEDRO SOARES
DO RIO

Indagada sobre a movimentação atípica das ações do banco Cruzeiro do Sul às vésperas da intervenção do Banco Central, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou que "acompanha e analisa as informações e movimentações do mercado, tomando as medidas cabíveis, quando necessário".

A autarquia não confirmou, porém, se abriu investigação. "A autarquia não comenta casos específicos", informou.

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Todos os processos da CVM são sigilosos e só tornam-se públicos após o julgamento e a decisão do colegiado de diretores do órgão.

É praxe da CVM investigar o comportamento das ações e tentar identificar possíveis vazamentos de informações privilegiadas quando há uma variação fora do padrão na cotação das ações e no volume de negócios.

Nos pregões anteriores ao anúncio da intervenção do Cruzeiro do Sul já circulavam rumores no mercado das dificuldades do banco e de sua possível venda para o BTG Pactual.

Entre quarta e sexta da semana passada, as ações caíram 41%.

Questionada pela reportagem, a CVM não esclareceu se houve indício de vazamento de informações e nem se os negócios com papéis do banco antes da intervenção partiu de seus controladores ou pessoas ligadas a eles.

Ricardo Moraes/Reuters
Agência do Cruzeiro do Sul no Rio; banco está sob intervenção após um rombo de R$ 1,3 bilhão ser detectado na instituição
Agência do Cruzeiro do Sul no Rio; banco está sob intervenção após um rombo de R$ 1,3 bilhão ser detectado na instituição

INTERVENÇÃO

O Banco Central anunciou ontem a intervenção no banco Cruzeiro do Sul por problemas na contabilidade e descumprimento a normas do sistema financeiro.

O Banco Central detectou um rombo de R$ 1,3 bilhão decorrente de "insubsistência de crédito", o que significa que não há "evidências" de que operações nesse valor existam.

Como o patrimônio do banco é de cerca de R$ 1,2 bilhão, o questionamento pode levá-lo a um deficit patrimonial de R$ 100 milhões.

Os dirigentes e controladores foram afastados da instituição e o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) foi nomeado como administrador temporário.

Segundo o BC, o Raet (Regime de Administração Especial Temporária) tem a finalidade de corrigir procedimentos operacionais e eliminar deficiências que possam comprometer o funcionamento do banco. O prazo da intervenção é de 180 dias.

O Banco Cruzeiro do Sul é considerado de pequeno porte e possui autorização para operações comerciais, de investimento e cambiais. A instituição tem 0,22% dos ativos totais do sistema financeiro e 0,35% dos depósitos, segundo dados de dezembro de 2011.

A intervenção não afeta o funcionamento do banco, que pode continuar a fazer operações nas áreas em que tem autorização para atuar. O prazo para pagamento de dívidas e as datas de vencimento de compromissos de terceiros com a instituição também seguem o cronograma original.

O regime especial também vale para os outros negócios do grupo Cruzeiro do Sul, como a corretora de valores.

BALANÇO

O Cruzeiro do Sul teve prejuízo de R$ 57 milhões no primeiro trimestre, ante lucros de R$ 32 milhões no quarto trimestre de 2011 e de R$ 41 milhões um ano antes.

O banco vendeu mais de US$ 300 milhões em títulos nos mercados internacionais no ano passado, mas essa fonte secou em decorrência da crise de dívida que atingiu países da Europa.

O Cruzeiro do Sul foi comprado em 1993 pela família Indio da Costa e no mesmo ano ingressou no mercado de crédito consignado. Segundo o site da instituição, atualmente, o banco é parte de 337 convênios de crédito consignado a funcionários públicos, aposentados e pensionistas no país.

Na semana passada, a instituição confirmou que estava em negociação para uma possível venda de suas operações. Segundo reportagem do jornal "Valor Econômico", o BTG Pactual seria um dos interessados no negócio. O banco de André Esteves afirmou, na época, que analisava constantemente oportunidades de mercado.

OUTROS BANCOS

Em outubro do ano passado, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco Morada, com base em relatório de interventor que apontou situação de insolvência do banco e violação de regras legais.

A liquidação extrajudicial do Morada foi a primeira feita pelo BC desde o Banco Santos, em maio de 2005, e ocorreu depois que a autoridade monetária detectou em 2010 fraude bilionária em vendas de carteiras do Banco Panamericano, que acabou vendido ao BTG Pactual.

 

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