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26/06/2012 - 22h13

Setor de siderurgia quer incentivo ao consumo de aço nacional

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AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

A indústria siderúrgica brasileira vai cobrar do governo federal medidas e incentivos para expansão do consumo do aço no país.

O setor revisou para baixo as projeções de produção de aço bruto no Brasil em 2012, de 37,4 milhões para 36 milhões.

Além de cobrar cortes de impostos e medidas de defesa comercial, o setor promete brigar por mecanismos para estimular o uma ação do "compre nacional", uma versão do "buy american act", lei norte-americana que privilegia a compra de produtos feitos localmente.

Sem definir prazos, o setor quer ações que sejam capazes de ampliar o mercado interno e elevar o consumo per capita do aço dos atuais 130 quilos para 200 quilos por habitante ao ano.

A China, maior produtor mundial de aço, tem um consumo per capita de 466 quilos por habitante ao ano.

"Em 1980, o Brasil consumia 100 quilos de aço por habitante ao ano, e a China, 34 quilos. Hoje, a China projeta chegar a 600 quilos, e o Brasil está com 130. Quero me aposentar quando o consumo médio per capita aqui for de 200 quilos", brinca Albano Chaves Vieira, vice-presidente do Conselho diretor do IABr (Instituto Aço Brasil).

Vieira assume hoje a presidência do conselho do IABr no lugar de André Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau.

Segundo Vieira, as projeções atuais de crescimento do consumo de aço no país ainda são excessivamente modestas.

Os grandes eventos, como a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, devem agregar uma demanda de aço em, no máximo, 8 milhões de toneladas. Diante da enorme ociosidade da indústria siderúrgica, é muito pouco.

Essa será a principal mensagem e a principal cobrança que o setor pretende apresentar ao governo durante os debates do 23º Congresso Brasileiro do Aço, aberto ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O Congresso acontecerá até amanhã.

As medidas tentam dar impulso ao setor, deprimido pelo baixo crescimento internacional e do fraco desempenho do mercado interno.

O IABr acha que o consumo brasileiro pode ser maior nos próximos anos caso o governo retire corte impostos sobre investimentos e estimule os projetos de infraestrutura.

"Crescimento do mercado automotivo ou de construção de imóveis é importante, mas não é por aí que o país vai crescer o consumo de aço. O que expande a demanda por aço é infraestrutura", diz André Gerdau Johannpeter.

PROJEÇÕES

A projeção do setor, apresentada ontem, mostra que a indústria brasileira do aço vai produzir 36 milhões de toneladas em 2012, modesto crescimento de 2,2%. O problema é que a capacidade instalada de produção de aço bruto deve alcançar 48,4 milhões de toneladas. O parque siderúrgico brasileiro enfrenta uma ociosidade de 12 milhões de toneladas.

"Uma fábrica qualquer pode desligar a máquina e reduzir a produção. Numa siderúrgica isso não é possível", diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente-
executivo do IABr.

Mas a ociosidade brasileira é uma gota em relação à realidade mundial. Dados da Associação Mundial do Aço indicam que o mundo tem 526 milhões de toneladas de sobra em capacidade de produção de aço bruto. A capacidade mundial deve alcançar 2 bilhões de toneladas até o fim deste ano.

O mercado brasileiro é uma fração, mas essa sobra tem conseguido entrar no Brasil. Segundo o setor, isso tem ocorrido por causa de dois fatores: a valorização do real sobre o dólar e a Guerra dos Portos, concessão tributária para importação dada por alguns Estados.

A resolução 72 aprovada pelo Senado, após grande mobilização da indústria e das centrais sindicais, determinou o fim dessas concessões, algo que começa a entrar em vigor em janeiro de 2013. Por isso (e por causa da desvalorização do real), a expectativa do IABr é a de que a importação de aço em 2012 vai cair 3,8, e fechar em 3,64 milhões de toneladas no ano.

 

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