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Falta de informação é base de golpes históricos, diz autor
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HELTON SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eles transformaram a fé --e uma pitada de ganância-- de milhares de investidores em pilhas de dinheiro.
Com currículos recheados de golpes, os dez fraudadores reunidos em "Golpes Bilionários" (Gutenberg) mesclavam criatividade, charme e algum conhecimento de finanças.
Nada disso, porém, arregimentava mais vítimas do que as ofertas de ganhar muito dinheiro --apesar do lucro resultar de esquemas de investimento difíceis de entender. A ausência de informação, aliás, era um trunfo para esses criminosos.
Mesmo sem adotar um critério claro para selecionar os golpes, o escritor Kari Nars, ex-diretor do Banco Central da Finlândia, pinça casos ora significativos pela grandiosidade ora por inaugurarem novas modalidades de fraudes.
No mesmo balaio, coloca grandes gatunagens como a de Victor Lustig, que vendeu a Torre Eiffel em 1925, e crimes financeiros como os de Bernard Madoff.
O mais engenhoso dos golpes ocorreu na Europa, de 1821 a 1834. Após voltar de uma expedição à América, o general escocês Gregor MacGregor (1786-1845) convenceu os ingleses de que governava um país chamado Poyais, no Caribe. O lugar não existia, mas o status de monarca alçou MacGregor à corte do rei George 1º.
Vendeu terras na região fantasma e até conseguiu empréstimos para financiar sua colonização. Depois de os "colonos" reclamarem seus investimentos, informou estar de mãos atadas: Poyais havia se tornado um Estado independente.
Depois de descoberto na Inglaterra, abriu embaixadas de Poyais na França e ainda vendeu títulos falsos de propriedade na Escócia.
Já a fraude em torno da britânica South Sea Company é apresentada como a precursora das "bolhas".
Em 1720, os executivos da South Sea forneceram informações falsas sobre os negócios com a América do Sul, emitiram e compraram grandes volumes de ações, além de entregarem os papéis a parlamentares e ministros para que propagandeassem o falso bom desempenho da companhia. Com isso, elevaram o preço dos papéis de 130 libras para 1.050 libras.
As ações despencaram quando foi descoberto que os diretores vendiam enormes volumes enquanto incentivavam acionistas a aumentar seu capital na empresa.
Apesar de as histórias de como os golpistas enganaram tanta gente por tanto tempo serem o atrativo principal do livro, Nars força o leitor a percorrer outros assuntos, como o que faz de uma pessoa um criminoso.
Para ilustrar o fim dos fraudadores, Nars parafraseia o ex-presidente americano Abrahan Lincoln: é impossível enganar todo mundo para sempre. O que não é preciso, pois, segundo mostram as histórias, basta enganar as pessoas certas por algum tempo.
*
GOLPES BILIONÁRIOS
Autor Kari Nars
Editora Gutenberg
Quanto R$ 34,90 (216 págs.)
Tradução Pasi Loman e Lilia Yuri Loman
Avaliação Regular
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