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Análise: Governo fomenta pesadelo da dívida coletiva com sua política
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DIOGO COSTA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O anúncio do governo de injetar R$ 21 bilhões na Caixa Econômica e no Banco do Brasil apenas confirma o medo dos analistas, que apontam para a existência de uma bolha brasileira, de uma pirâmide de cartas financiada com dinheiro público.
Em 2009, Bernard Madoff foi condenado a 150 anos de prisão pela Justiça dos EUA. Ele havia fraudado seus investidores em estimados US$ 65 bilhões para a montagem de um esquema de pirâmide.
Em vez de aplicar o dinheiro de maneira produtiva, um esquema de pirâmide transfere recursos de novos investidores para os mais antigos. Quando não se consegue atrair um número maior de investidores, a pirâmide quebra. Madoff quebrou.
Nos últimos anos, há indícios de que o Brasil vem construindo sua própria pirâmide. Com uma política fiscal generosa e crédito fácil, o governo vem criando uma ilusão de riqueza que não é capaz de se sustentar indefinidamente. Se não começar a ser desmontada, nossa pirâmide também irá quebrar.
Em nenhum lugar a pirâmide aparece de maneira mais saliente do que no setor imobiliário. De janeiro de 2008 a março de 2012, o preço de venda de imóveis em São Paulo subiu 132%. Essa inflação imobiliária transforma um endividamento crescente em uma sensação de riqueza insustentável.
Pesquisadores do Ipea publicaram recentemente um estudo alertando para "a possibilidade concreta de existência de uma bolha no mercado de imóveis no Brasil". Os principais culpados? A combinação de "políticas fiscais" e "estímulo ao crédito". Preços mais altos não significam mais riqueza. Estímulo com dinheiro dos pagadores de impostos apenas sustenta a ilusão de que dívida equivale a prosperidade. Por isso, o estudo diz que "a insistência do governo em aquecer ainda mais um mercado imobiliário já aquecido só tende a piorar o resultado final".
Em vez de aprender com o aviso, o governo quer evitar a ressaca mantendo a economia embriagada com ainda mais políticas fiscais e mais estímulo ao crédito.
Parte do estímulo governamental é destinado exclusivamente para o setor imobiliário. Na tentativa de realizar o sonho da casa própria, o governo está fomentando o pesadelo da dívida coletiva.
A pirâmide brasileira é diferente da de Madoff por uma razão principal: quando ela desabar, o governo não irá se culpar ou se punir. Em vez de condenarem os fraudadores, condenarão o capitalismo, a Copa do Mundo, as Olimpíadas, a guerra cambial, você e eu. E se dermos carta branca, ela será utilizada apenas para continuar nossa insustentável pirâmide de cartas.
DIOGO COSTA é professor do curso de economia no Ibmec-MG e coordenador do projeto Ordem Livre.
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