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Diretor do BC defende política econômica do governo Dilma
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SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Mostrando total sintonia com o Ministério da Fazenda, o diretor da área internacional do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, fez nesta noite uma defesa enfática da política econômica.
Ele aproveitou o seminário sobre inclusão financeira promovido pelo BC, em Porto Alegre, para rebater as críticas ao modelo de desenvolvimento promovido pela gestão Dilma Rousseff.
Segundo o diretor, a sustentabilidade do modelo atual, baseado no consumo das famílias financiado por crédito farto, "tem que ser avaliada de maneira mais abrangente e dinâmica do que a simples observação pontual de índices de inadimplência ou de comprometimento de renda das famílias".
Awazu destacou que esse modelo está inserido numa política de governo que combina ainda medidas para, entre outras coisas expandir a oferta de bens e serviços e o investimento nos próximos anos.
"Nosso modelo de crescimento é equilibrado e inteligentemente focado na utilização não-inflacionária da robustez das nossas condições de demanda", afirmou Awazu.
O endividamento das famílias e das empresas no Brasil, de acordo com o diretor, ainda é relativamente baixo quando comparado com países desenvolvimento como Reino Unido, EUA e França. Segundo ele, o Brasil possui um sistema bancário capitalizado e com nível elevado de reservas para cobrir eventuais calotes.
A alta recente da inadimplência foi explicada como algo localizado "em certos segmentos" e numa "safra de autorizações no final de 2010, onde a qualidade da originação do crédito foi menos rigorosa".
Para Awazu, esse problema foi resolvido com exigências feitas pelo BC aos bancos e que fizeram com que eles ficassem mais seletivos na concessão de empréstimos por parte dos bancos.
"Verificamos na segunda metade de 2012 uma tendência de estabilização e queda da inadimplência", disse.
SUBPRIME
Citando especificamente o segmento imobiliário, alvo constante de críticas em função da rápida expansão, Awazu argumentou que a evolução vem se dando após mais de duas décadas de estagnação e que o nível atual, comparativamente à produção nacional medida pelo PIB (6%) ainda é baixo.
"Ou seja, um rápido crescimento do crédito imobiliário com regras prudenciais sólidas, supervisão intrusiva explicado por melhora da situação econômico-financeira das famílias não é a mesma coisa que um rápido crescimento do crédito explicado por uma deterioração dos critérios de seleção e originação como no caso do sub-prime", disse, numa referência ao mercado imobiliário norte-americano, centro da crise financeira internacional em 2008.
Na sua defesa do modelo adotado pelo governo, o diretor lembra ainda que houve mudanças estruturais e reformas institucionais que se traduziram em estabilidade econômica com crescimento, distribuição de renda, redução do emprego e a expansão da nova classe média e inclusão financeira.
"Estamos em presença de fatores estruturais que se sobrepõem a componentes cíclicos", disse. "Em mercados emergentes em processo de mudança estrutural, rápidas expansões de crédito não necessariamente significam menor estabilidade financeira", defendeu.
FMI
Citando espeficiamente avaliações do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgadas em relatórios este mês, Awazu afirmou que prudência na área financeira é recomendável, mas é preciso que "esses observadores entendam que o crescimento do nosso crédito dá-se num contexto muito diferente do contexto de expansão do mesmo nas economias avançadas nos anos anteriores a crise de 2008".
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