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16/12/2012 - 05h45

Robô minúsculo promete grande lucro; área ainda engatinha no país

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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Pensar grande não está entre as prioridades de parte da elite científica. É a nanotecnologia, que trabalha com escalas tão finas quanto uma folha de papel, que desponta no horizonte desses pesquisadores. Com ela, a promessa de agigantar a expectativa de vida do homem e de lucros das empresas nos próximos anos -não necessariamente nessa ordem.

Em coisa de duas décadas, um batalhão de robôs microscópicos irá mudar a relação do homem com o planeta, aposta Antonio Espingardeiro, membro do IEEE, a maior associação de engenheiros eletricistas e eletrônicos do mundo. "Hoje, a nanorrobótica representa um desejo humano que tem um potencial enorme", diz.

Até 2030, ele calcula, esse exército tecnológico já estará colocando suas minúsculos asinhas para fora.

Para monitorar a qualidade de alimentos, por exemplo, essas máquinas conseguirão auxiliar na detecção dos níveis de mercúrio do peixe ou de acidez durante a fermentação do vinho.

Poderão, ainda, viajar pelo corpo humano e até manipular a atividade cerebral. Espingardeiro exemplifica: "Medicamentos contra o câncer aumentam a toxicidade de todo o corpo, mesmo em regiões 100% saudáveis. Por isso, pacientes ficam doentes e perdem o seu cabelo".

Já a quimioterapia injetada por um robozinho na raiz do problema "pode ser mil vezes mais poderosa".

Robôs em formato de pequeninas cobras poderiam ajudar em operações de resgate, "liberados em ambientes de risco para fornecer informações preciosas às equipes de primeiros socorros".

E com grandes poderes vêm grandes possibilidades comerciais. Instituições como o MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, separam fatias polpudas de seus recursos para a área.

Para Espingardeiro, é uma questão de tempo até a nanorrobótica chegar à escala industrial. "Se olharmos para os carros nos anos 1900, computadores nos 1980 e celulares nos 1990, eles eram todos 'gadgets' de luxo que apenas poucas pessoas podiam pagar. O alargamento do mercado permite a produção de melhores produtos a preços competitivos."

Um pesquisador atualmente reconhecido no exterior é Adriano Cavalcanti, doutor da Unicamp que está trabalhando num projeto na Estônia. No Brasil, ele criou um software que simula, em 3D, a ação de nanorrobôs capazes de manipular biomoléculas em nutrientes.

BRASIL PEQUENO

Mas a área ainda é praticamente nula no país, e não à toa alguns cérebros acabam levando sua expertise para outro canto do mundo.

Se a microrrobótica ainda é invisível por aqui, com iniciativas isoladas e investimentos pulverizados, a nanotecnologia como um todo entrou no radar do governo.

O Ministério da Ciência e Tecnologia aumentará em 20 vezes o orçamento para esse campo em 2013: R$ 101 milhões. Além disso, formou-se neste ano um comitê de dez ministérios para avaliar novas políticas de incentivo.

O físico Flávio Plentz, à frente da coordenação de micro e nanotecnologias da pasta, traça potenciais econômicos para o setor.

"Tecidos sem cheiro para fazer roupa de cama, vestimentas para hospitais, bactericida para empresas de tapete..." Tudo seria possível com a manipulação em laboratório de nanopartículas.

Higiene pessoal é uma fortíssima frente de pesquisa no país, como a produção de um filtro solar com fator 100 de proteção. De novo, com ajuda das nanopartículas.

"Essa área é bastante consolidada no Brasil, que está a ponto de virar o segundo maior mercado mundial para produtos cosméticos. Temos público. E, não à toa, temos companhias competentes, como Natura e Boticário", diz o físico.

Nesta semana, o ministério anunciará quais laboratórios receberão verbas federais, dentro de um programa chamado SisNano. Uma contrapartida: os beneficiados devem disponibilizar 15% de seu tempo para usuários externos, como empresas. "Para que ganhem maior robustez", afirma Plentz.

Editoria de Arte/Folhapress
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