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28 bolivianos são resgatados de oficina de costura na zona leste de SP
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DE SÃO PAULO
Vinte e oito bolivianos aliciados em La Paz para trabalhar em uma oficina de costura de fundo de quintal na zona leste de São Paulo foram resgatados na terça-feira por uma fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e Receita Federal.
Auditores fiscais encontraram os estrangeiros em um sobrado no Belenzinho no momento em que eles confeccionavam roupas das marcas Emme e Luigi Bertolli.
Ambas pertencem à Gep Indústria e Comércio, também dona da marca Cori --grife que, na segunda, abriu os desfiles da São Paulo Fashion Week.
A empresa, que vai operar a marca americana GAP (as primeiras lojas brasileiras serão abertas neste ano), diz que contratou uma prestadora de serviços porque ela era credenciada na associação brasileira do setor: "Também fomos vítimas", disse o advogado da empresa.
Os bolivianos não tinham documentação brasileira e, segundo seus relatos, cumpriam jornadas superiores a 12 horas. Foram apreendidos cadernos com anotações das dívidas de cada trabalhador, a fim de fazer descontos.
Cada um deles saiu do ministério nesta sexta-feira (22) com uma carteira de trabalho nova e, em média, R$ 25 mil. "Ganhamos na loteria", disse um boliviano comemorando timidamente.
OUTRO LADO
A Gep foi comunicada da fiscalização na quarta e, por intermédio de seu representante Nelson Volpato, assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
Ela se comprometeu a rever a cadeia produtiva das suas marcas, abster-se de submeter trabalhadores "a condições degradantes", pagar multa de R$ 450 mil por dano moral coletivo, registrar os trabalhadores flagrados e pagar multa de R$ 10 mil para cada um.
Ela fez questão de anotar no TAC que desconhecia as condições de trabalho dos funcionários que costuravam as peças por ela comercializadas. "A Gep foi ludibriada. Também é vítima de agentes inescrupulosos atuando nesse mercado".
A empresa pretende passar a conta das indenizações para a Silobay do Brasil Confecções Indústria e Comércio, empresa que vinha com o selo de qualidade da ABVTEX e era responsável pela confecção, segundo o advogado da Gep, Carlos Kauffmann.
EXEMPLAR
A desembargadora Ivani Contini Bramante, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e representante do Conselho Nacional de Justiça, e a juíza Patrícia Therezinha de Toledo, da Vara Itinerante de Combate ao Trabalho Escravo, que acompanharam a fiscalização, disseram que a Gep "deu um exemplo aos empresários do setor ao assumir sua responsabilidade social diante da situação dos trabalhadores".
Segundo as duas, "o trabalho em condições degradantes seria muito mais facilmente combatido se todas as empresas agissem com a prontidão mostrada pela Gep uma vez informada dos resultados da fiscalização".
A Folha tentou contatar a Silobay nos telefones que aparecem na internet como sendo da empresa. Não conseguiu.
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