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02/06/2010 - 18h21

Agência de risco assume ter contribuído para crise financeira

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DA EFE, EM WASHINGTON

O presidente da agência de classificação de risco Moody's, Raymond McDaniel, admitiu nesta quarta-feira os erros de seu sistema de análise, que contribuiu para a crise financeira por ter dado boas qualificações a títulos hipotecários de má qualidade.

Em um comunicado apresentado à comissão de investigação sobre a crise financeira internacional criada pelo governo e pelo Congresso americanos, McDaniel confessou que o nível de precisão das avaliações da companhia "foi profundamente desalentador".

"A Moody's certamente não está satisfeita", afirmou McDaniel, em um testemunho por escrito apresentado à comissão, que realizou uma audiência em Nova York.

Na audiência, ex-analistas da companhia disseram ter sido pressionados pela gerência da agência para melhorar a avaliação de certos produtos financeiros em benefício de seus emissores, que são os que pagam pelos serviços da Moody's.

Além da Moody's, as agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch, principais do mundo, atribuíram avaliações de alta qualidade a títulos imobiliários que acabaram por conter hipotecas subprime.

Quando a bolha imobiliária estourou nos EUA, a inadimplência estendeu a crise ao sistema financeiro, por causar grandes perdas de seus compradores.

Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway e o maior acionista da Moody's, disse na audiência que os modelos usados pelas agências de crédito não levavam em conta a possibilidade de uma crise imobiliária em todo o país, apenas em certas regiões.

"Deveriam ter reconhecido que se tratava de uma bolha gigantesca", disse Buffett.

McDaniel confessou que, para a Moody's, a magnitude da crise "foi inimaginável".

Segundo Eric Kolchinsky, ex-diretor do departamento de derivados da agência, "enquanto nunca houve uma direção explícita sobre baixar os padrões de crédito, cada negócio perdido tinha que ser explicado e defendido".

Por sua parte, Mark Froeba, antigo vice-presidente de derivados da Moody's, acusou os diretores da companhia de premiarem com bonificações e promoções os analistas que cooperavam com os bancos e punirem os que não.

"Usaram intimidação para criar um grupo de analistas dóceis com medo de irritar os bancos de investimento e prontos para cooperar na maior medida possível", disse Froeba.

McDaniel afirmou que a companhia investigou as alegações e sua conclusão é de que "não têm nenhuma base".

O chefe da Moody's disse que os analistas continuam mantendo contato com os emissores dos títulos que avaliam, mas explicou que essa comunicação é importante para ajudá-los a entender a estrutura financeira e a estratégia dos clientes.

 

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