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Mercado de açúcar vive momento crucial, diz analista
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DA REUTERS
O mercado global de açúcar está em um momento crucial no qual as produções futuras no hemisfério norte dependem de um bom clima no curto prazo para poderem trazer algum alívio à situação de elevada demanda do Brasil, disse à Reuters o analista Jonathan Kingsman.
O analista, um dos mais respeitados no mercado e fundador da Kingsman SA, empresa de consultoria sediada em Lausanne, acredita que os problemas nos portos brasileiros com atrasos para o embarque de açúcar devido à elevada procura podem se arrastar pelo restante da safra do centro-sul se estiagens reduzirem a produção em alguns países importantes.
"Eu chamaria o momento de ponto crucial, porque em várias partes do mundo lavouras estão ficando muito dependentes do clima. Há seca na Europa, na Ásia, então se isso afetar a produção poderemos ver um aperto no mercado de açúcar e os preços poderiam subir muito", disse Kingsman à Reuters na noite de terça-feira, após participar de um encontro com traders e executivos de usinas em um hotel em São Paulo.
"Se não afetar, se chover, se o tempo ficar bom, então nada acontece", afirmou, acrescentando que nessa situação os futuros do açúcar bruto em Nova York deveriam permanecer no intervalo entre US$ 0,15 e US$ 0,18 por libra-peso. "Eu acho que há mais potencial para subir do que para cair, mas vai depender do clima".
Jonathan Kingsman, ex-trader da Cargill, também foi operador de futuros na ContiCommodity e na Paine Webber, antes de abrir sua própria corretora em 1990, que posteriormente se tornou uma consultoria que aconselha grandes grupos industriais, bancos, tradings e fundos de hedge.
PORTOS
O Brasil vai embarcar um volume recorde de açúcar em julho, acima de 2,6 milhões de toneladas, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A grande demanda, com muitos países buscando recompor estoques, está causando grandes atrasos no carregamento de navios, que em alguns casos estão tendo de esperar até 40 dias para receber o produto no porto de Santos, o maior do país.
A situação gerou novas críticas sobre a gestão governamental no setor de infraestrutura. Kingsman, no entanto, evitou culpar alguém pelo que está acontecendo, apesar de aconselhar os envolvidos no setor a apressarem investimentos visando as próximas temporadas.
"Eu acho que essa demanda é excepcional. Os portos estão fazendo um trabalho tremendo de movimentar todo esse volume. Para ser honesto, ninguém viu essa situação se formando e eu acho que seria errado criticar alguém pelo que está acontecendo", afirmou o analista.
"Agora, para o futuro, o que vai acontecer é que o mundo se tornará cada vez mais dependente do açúcar brasileiro. Esse é o único lugar do mundo que realmente tem potencial para elevar a produção. Então o país precisa investir para elevar a capacidade de exportar açúcar".
De acordo com dados da consultoria Kingsman SA, o Brasil passou de uma fatia de 20% no mercado global de açúcar em 2000 para mais de 50% nesse ano.
REFORMA
Se o clima é o principal foco do mercado no curto prazo, Kingsman avalia que a eventual liberalização do setor de açúcar na Índia vai atrair a atenção nos meses mais à frente.
O consultor falou em 70% de chance de o governo indiano seguir com a ideia de mudanças no setor, com redução da participação do Estado, e acredita que isso poderá ocorrer em um prazo de 5 a 6 meses.
Para ele, a eventual reforma poderá consolidar a Índia como um pequeno importador líquido do produto.
"Depende da forma final da liberalização. Se produtores de cana indianos receberem cerca de 140, 150 rúpias [por 100 kg] então muitos deles vão se dedicar a outras safras. Então podemos imaginar uma situação após a reforma em que a competição por terra na Índia faça o país se tornar um pequeno importador líquido do produto", declarou.
A consultoria Kingsman deverá divulgar uma nova estimativa para a produção global de açúcar em cerca de seis semanas. Atualmente ela estima a produção na Índia em 2010/11 (abril-março) em 24 milhões de toneladas, enquanto projeta o volume no centro-sul do Brasil em 34 milhões de toneladas.
"É extremamente difícil de projetar a produção indiana. O consenso é de 25 milhões de toneladas, mas o intervalo vai de 20 a 30 milhões", afirmou o analista, acrescentando que se o número final vier abaixo de 24 milhões, o país deverá importar açúcar no ano que vem. Se vier acima de 27, provavelmente exportará.
Para o centro-sul brasileiro, o clima seco, apesar de acelerar o processamento, poderá reduzir o volume final de cana.
Kingsman está mantendo o número de 595 milhões de toneladas para a safra da região, mas disse que alguns no mercado já estão reduzindo para 580 ou 575 milhões de toneladas.
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