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19/08/2010 - 18h12

Volatilidade em ações da Petrobras deve se intensificar , dizem analistas

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DA REUTERS

A volatilidade dos papéis da Petrobras deve se intensificar nos próximos dias à medida que se aproxima a divulgação do preço do barril de petróleo que será usado na capitalização prevista para setembro, avaliaram analistas, que ainda se dizem "no escuro" em relação aos rumos da esperada operação.

Um preço próximo a US$ 10, desejado pelo governo, desagradaria ao mercado, porque potencialmente diluiria os minoritários, enquanto que um valor perto de US$ 6 atrairia investidores.

"Se for mais do que US$ 7 (o barril) eu vendo tudo", disse à Reuters o acionista Ricardo Rodarte, que viajou de Minas Gerais para o Rio de Janeiro apenas para participar da reunião da empresa na quarta-feira com analistas de mercado e investidores sobre o resultado do segundo trimestre.

O exemplo desse acionista não preocupa o governo, pelo contrário, já que a União poderia aumentar sua posição na estatal com a compra das sobras da subscrição. A ideia do Planalto, segundo fontes, é sair dos atuais 32% do capital total para 40%.

Nesta quinta-feira, por volta das 14h40, as ações da Petrobras caíam 2,5%, enquanto o Ibovespa operava em queda de 0,8%.

No ano, as ações da "blue-chip" mais negociada do mercado brasileiro acumulava perda de 24,7%, até o pregão de quarta-feira. "Todo mundo bate no papel para comprar mais barato depois (na capitalização)", disse um analista que também estava na reunião na sede da empresa na quarta-feira.

PRESSÃO

Apesar das pressões em Brasília para que o preço seja o maior possível, analistas confiam na idoneidade das certificadoras envolvidas na avaliação do valor do barril e aguardam a divulgação do preço da avaliação encomendada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo) por esses dias.

Esse valor será comparado ao obtido pela Petrobras --entre US$ 6 e US$ 6,5, segundo fontes da companhia-- para definir o quanto o governo cobrará pela cessão onerosa, uma área de até 5 bilhões de barris em área não licitada no pré-sal da bacia de Santos, que será trocada pelas ações em operação intermediada por títulos públicos.

Na opinião do analista Eric Scott, da SLW Corretora, não faria nenhum sentido um preço alto para o barril do pré-sal.

Ele lembrou que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, declarou durante a crise financeira que o pré-sal é viável com o petróleo até US$ 42 o barril.

"O Gabrielli sempre fala que o pré-sal é viável a US$ 42 o barril, o que dá um custo de extração em torno de US$ 30 e um petróleo de US$ 5 para a margem da empresa ser de US$ 7, numa conta a grosso modo", explicou o especialista alertando que um valor maior que esse reduz a margem da companhia.

"A margem ficaria muito estreita", ressaltou.

POLÍTICA

Assim como outros analistas ouvidos pela Reuters, Scott sabe que a decisão será mais política do que técnica, mas não aposta em exageros que poderiam prejudicar o desempenho de uma das estatais que mais recursos trazem aos cofres públicos.

"As decisões na Petrobras são 60% políticas e 40% técnicas, mas se baterem o pé com preço de US$ 8 a US$ 10 é porque a política subiu mais e isso será mal recebido pelo mercado", afirmou.

Para outro analista, um preço próximo a US$ 10, US$ 12 dólares seria considerado pelo mercado uma pressão política muito forte e não faria nenhum sentido, já que o preço da primeira certificadora gira em torno dos US$ 6, US$ 6,5 o barril.

"As duas certificadoras envolvidas são umas das melhores do mundo e a operação da Petrobras vai ser um cartão de visitas para elas, porque promete ser uma das maiores do mundo, todo mundo está olhando, elas não iam se arriscar a ter preços tão divergentes", disse o analista, que não pode ser identificado porque está participando da operação de capitalização.

"Se o segundo preço for muito divergente do primeiro isso vai respingar nos próximos negócios dela (certificadora)", explicou.

Para o analista, o desempenho negativo da ação no mercado nesta quinta-feira reflete o aumento das incertezas, não apenas quanto ao preço mas também sobre a realização da operação.

"A expectativa está aumentando e com isso a volatilidade também só tende a aumentar, por isso a ação está pressionada", disse. "Só nos resta aguardar", conformou-se.

Dentro da Petrobras empregados buscam deixar em segundo plano o barulho do mercado e da mídia, informando que nada foi modificado no ritmo da operação e que a data continua sendo setembro.

"Nada foi alterado, continuamos trabalhando muito para fazer a capitalização em setembro", disse uma fonte da estatal.

 

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