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Europa vive onda de greves, mas medidas anticrise não devem mudar
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DA REUTERS, EM ATENAS
Uma onda de greves contra as medidas de austeridade deve perturbar o cotidiano da Europa nos próximos meses, eventualmente afetando alguma economia, mas com poucas chances de derrubar governos ou alterar decisões de corte salários e pensões.
Analistas dizem que a influência dos sindicatos diminuiu nas últimas décadas e que eles não conseguirão obter muito apoio entre pessoas que percebem a necessidade do arrocho como forma de resolver a crise financeira que toma conta do continente.
"O público em muitos países europeus percebe que há a necessidade de medidas de austeridade", disse à Reuters Blanka Kolenikova, analista de Europa da IHS Global Insight. "Se os governos não cortarem gastos, eles podem enfrentar problemas similares aos da Grécia."
Numa demonstração de força, sindicalistas franceses reuniram nesta terça-feira (7) mais de 2 milhões de pessoas, segundo suas próprias estimativas, em manifestações no país inteiro contra uma reforma previdenciária. A estimativa oficial foi de 1,2 milhão de manifestantes. Mas analistas dizem que a vitória foi apenas simbólica e dificilmente irá alterar os planos do presidente Nicolas Sarkozy.
Também na terça-feira milhões de londrinos foram a pé ou de bicicleta para o trabalho por causa da greve dos ferroviários.
Grécia, Espanha, Itália e Romênia também já tiveram paralisações contra aumentos tributários e cortes de salários e gastos públicos. Após uma pausa das férias de verão, novas manifestações estão convocadas -- incluindo uma paralisação de âmbito continental em 29 de setembro.
Na Grécia, onde três bancários morreram durante protestos em maio, os sindicatos iniciam neste fim de semana uma série de manifestações e greves na cidade de Tessalônica (norte), onde o primeiro-ministro George Papandreou irá anunciar uma nova política econômica.
"As pessoas ainda não sentiram todo o peso da austeridade", disse o sindicalista Ilias Iliopoulos. "Esperamos que a participação em Tessalônica seja grande, para lançar um novo começo na nossa luta."
O endividado país, cujo enorme deficit causou uma crise da dívida pública europeia neste ano, passou por várias greves neste verão europeu. Bloqueios de caminhoneiros e marinheiros em estradas e portos vêm afetando o importante setor turístico grego.
Embora as greves possam prejudicar economias frágeis como a da Grécia, analistas dizem que os governos não irão ceder. Na Europa Central e Oriental, muitos países estão amarrados a negociações com o FMI e têm pouca margem de manobra.
Mesmo em países com uma forte tradição trabalhista, como o Reino Unido, onde greves de mineiros levaram a uma eleição extraordinária em 1974, os sindicatos vêm perdendo filiados e influência.
"Os dias em que os sindicatos poderiam ter o governo como refém em qualquer forma séria e prolongada ficaram para trás -- mas isso não quer dizer que não possa haver alguma perturbação incrivelmente séria", disse o professor Justin Fisher, analista político da Universidade Brunel, de Londres.
Sindicatos controlados pela esquerda também evitam criar muitos problemas para governos socialistas em países como Grécia e Espanha, já que os socialistas tradicionalmente se mostram mais solidários aos dramas dos trabalhadores dos que os conservadores.
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