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22/09/2010 - 19h53

Vale Fertilizantes deverá lançar ações no 1º semestre de 2011

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DA REUTERS

Deverá ocorrer no primeiro semestre de 2011 a oferta primária de ações da Vale Fertilizantes, empresa que vai reunir os ativos da mineradora Vale no setor, afirmou nesta quarta-feira o diretor da divisão, Mário Barbosa.

Segundo ele, a oferta de ações, emissões de dívida e o caixa da empresa vão garantir o investimento previsto de US$ 12 bilhões até 2014.

"A empresa não será pequena. A Vale investiu entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões nesses ativos', afirmou Mario Barbosa à Reuters, acrescentando que Vale Fertilizantes reunirá ativos que a empresa possui nesta área também em outros países.

Do total a ser investido, cerca de US$ 8 bilhões irão para os projetos de potássio --usado principalmente na cultura da cana, do café e da soja-- e US$ 4 bilhões para fosfato --usado em praticamente todos os grãos. As unidades de nitrogenados devem permanecer do mesmo tamanho de hoje, informou o diretor. "Novos investimentos em nitrogenados vão depender do preço do gás", afirmou.

Segundo Barbosa, a produção de potássio da Vale Fertilizantes em 2014 deverá girar em torno dos 10 milhões de toneladas e a de fosfato por volta dos 13 milhões de toneladas.

"Quando estiver consolidada, a Vale Fertilizantes vai ser o segundo maior negócio da Vale", disse o diretor, o que desbancaria posição ocupada atualmente pelo níquel, abaixo apenas do minério de ferro no faturamento da companhia.

Para crescer, Barbosa não prevê no entanto grandes aquisições no mercado, apesar de continuar atento a todas as oportunidades e "olhando de longe" anúncios como a de uma recém-descoberta mina de potássio na Amazônia.

Depois de descartar interesse na Potash Corp, que vem sendo assediada pela BHP, a Vale, segundo Barbosa, aposta no crescimento orgânico.

"Temos muitos projetos para desenvolver e alguns em processo de expansão. Já temos muita coisa", avaliou o executivo que passou pela Fosfértil e depois foi para Bunge, de onde saiu a convite da Vale.

A Vale Fertilizantes reunirá instalações da companhia no exterior e no Brasil. Além de minas no Peru, Moçambique, Canadá e Argentina, a nova empresa vai agrupar ativos comprados da Bunge no Brasil com a Fosfertil, cujo controle também foi adquirido pela Vale em 2010.

Em maio deste ano, a Vale concluiu a compra do controle da Fosfertil, após adquirir fatias que pertenciam à Bunge, Yara, Heringer e Fertipar. Num lance simultâneo, a mineradora comprou ainda ativos da Bunge Fertilizantes, com investimentos totais de US$ 4,7 bilhões.

Os planos de crescimento da Vale acompanham as perspectivas positivas para a agricultura no mundo, e que levarão de carona a indústria de fertilizantes. Segundo Barbosa, um recente relatório do Rabobank indicou que o consumo de fertilizantes no Brasil deve crescer 6% ao ano nos próximos anos.

"Com esse aumento de população, as cidades vão crescendo, as estradas vão crescendo e a área plantada vai diminuindo... a área de fertilizantes passou a ser estratégica", avaliou.

PLAYER MUNDIAL

E não é apenas no Brasil que a Vale Fertilizantes pretende comercializar seus produtos. Países como Austrália, Estados Unidos e Chile já listam entre os compradores de fosfato da mina de Bayóvar, no Peru, cuja produção começou .

"Temos que buscar alternativas de mercado, vamos ser um player global, não podemos vender apenas para o Brasil", disse Barbosa, que pretende colocar a Vale Fertilizantes entre as três maiores do setor.

Também presidente da Anda (Associação Nacional para a Difusão de Adubos), Barbosa aguarda que as negociações com o governo brasileiro, "que se arrastam há 20 anos", para isonomia com os fertilizantes importados, que não pagam imposto como o produto nacional, um dia cheguem ao fim, estimulando mais investimentos dentro do país nesse segmento, majoritariamente importador.

Ele descartou no entanto que o imposto para o produto nacional, que paga ICMS, seja o principal motivo da falta de investimentos no setor e que tornaram o Brasil dependente de importações de fertilizantes.

"[O imposto] ajuda a segurar os investimentos, mas não é o único fator, o Brasil também não possui reservas expressivas a serem descobertas", explicou, ressaltando que com o aumento de demanda outros projetos devem aparecer.

"O projeto Salitre, por exemplo, agora faz sentido", disse, referindo-se ao projeto greenfield adquirido da Fosfertil e localizado em Patrocínio (MG), com uma mina com capacidade de produção de 2 milhões de toneladas anuais de rocha fosfática, e um complexo industrial com capacidade estimada para produzir 1,26 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados.

O projeto Salitre no entanto ainda depende do estudo de viabilidade técnica em andamento e da definição do Conselho de Administração da Vale para o início das obras.

PETROBRAS

Também na prancheta está a possível expansão da mina de Taquari-Vassouras, em Sergipe, de propriedade da Petrobras, cuja concessão feita à Vale expira em 2017.

"Esperamos uma solução [para renovação da concessão] entre 60/90 dias, porque a silvinita que tiramos lá ainda tem vida para mais 4 anos depois de 2017. Além disso, queremos explorar a carnalita que tem ao lado [na mesma concessão]", disse o executivo, afirmando que as negociações com a estatal "entraram numa fase positiva".

A silvinita é o mineral com maior teor de potássio, também encontrado na carnalita em menor quantidade.

Com a Petrobras também deverá haver acordo para a compra de amônia pela Fosfértil, em Uberaba (MG), produzida pela planta anunciada recentemente pela estatal.

"O objetivo dessa fábrica de amônia é substituir a importação desse produto, que a Fosfértil usa para produzir adubo binário [fosfato e hidrogênio]", informou o executivo.

 

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