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Justiça suspende multa imposta pela CVM à Rio Previdência
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JANAINA LAGE
DO RIO
O juiz Wilney de Azevedo Silva, da 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro, concedeu uma liminar que suspende todos os efeitos do julgamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre o caso Rio Previdência.
Na terça-feira, a CVM condenou os acusados de operações fraudulentas a multas que, somadas, chegam a cerca de R$ 500 milhões.
O resultado representa a segunda maior multa global já aplicada pela CVM, superada apenas pela imposta ao banco Santos, em 2008, de cerca de R$ 600 milhões.
Essa é a primeira vez que um julgamento da CVM tem seus efeitos suspensos por conta de uma decisão da Justiça Federal.
Os resultados dos processos administrativos da autarquia têm a possibilidade de serem confirmados ou revistos no âmbito do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.
Procurada pela reportagem, a CVM afirmou que não foi notificada da decisão.
FRAUDE PROCESSUAL
Na decisão, o juiz da 16ª Vara Federal do Rio aceitou o pedido do advogado Fernando Orotavo Neto, que alegou não ter podido apresentar as provas de defesa.
Ele representa quatro investidores: Eduardo Saad, José de Vasconcellos e Silva, Fernando Teixeira de Mello e Olímpio Uchoa Vianna. "Houve ofensa ao devido processo do Direito", afirma o juiz na decisão.
Orotavo Neto disse à Folha que houve "fraude processual" e que registrou protesto durante o julgamento.
O caso envolve a transferência em 2004 de uma carteira de créditos imobiliários do extinto Berj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) para o Rio Previdência (fundo de previdência do funcionalismo). Na época, a carteira havia sido avaliada em R$ 313 milhões.
O Rio Previdência contratou, por meio de licitação, uma empresa para criar um fundo onde seria alocada parte dos créditos. A CVM avaliou que existem indícios de que a vencedora, a ASM Asset Management, havia sido beneficiada no processo.
As cotas do fundo criado para receber os créditos foram então oferecidas em leilão a investidores.
No julgamento desta semana, a autarquia tinha decidido suspender por sete anos o registro de administrador de carteira da ASM Asset Management DTVM e do sócio-fundador da empresa, Antonio Luís de Mello
A investigação da CVM avaliou que os quatro investidores representados por Orotavo Neto agiram por meio da empresa Estratégia Investimentos para obter as cotas em leilão.
A partir dessa aquisição, o processo da CVM descreve uma série de operações no mercado que resultaram em lucros de dezenas de milhões de reais para os investidores.
A autarquia citava ainda que os acusados tinham relações sociais e empresariais anteriores às operações.
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