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Montadora chinesa Chery planeja abrir centro de pesquisas no Brasil
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DA REUTERS
A montadora chinesa Chery vende carros no Brasil há apenas um ano, mas já planeja um centro de pesquisa no país e ampliar seu foco também para vans comerciais, o que deve fazer o grupo expandir os investimentos previstos de US$ 400 milhões na construção de uma fábrica no interior de São Paulo.
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Depois de passar cinco anos em negociação para desembarcar no país em 2009, com o apoio do grupo brasileiro oriundo do setor de alimentação JLJ, a montadora tem pressa. A primeira empresa chinesa na indústria automobilística a instalar uma fábrica no Brasil quer ter 3% das vendas de veículos no mercado interno até o fim de 2013, ampliando em até quatro vezes a rede atual de 50 lojas para todos os Estados do país.
"Estamos vivendo uma nova corrida ao mercado brasileiro, agora pelas marcas chinesas", afirmou à Reuters nesta terça-feira o presidente da Chery no Brasil, Luis Curi, na sede da empresa na cidade de Salto, a 100 quilômetros da capital paulista e onde o grupo JLJ tem operações.
Antes de comandar a operação brasileira da Chery, o executivo trabalhou com as japonesas Mazda e Suzuki no país.
Segundo ele, o percentual de 3% é uma meta "bastante expressiva", dado que 80% do mercado brasileiro é dominado pelas tradicionais Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford. Sobram 20% para mais de uma dezena de marcas que chegaram ao país na década dos anos 1990.
Pelo ranking da associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, a Chery ocupa no acumulado de janeiro a setembro a 18ª posição em vendas, com 0,15% de participação. Na faixa dos 3% estão as japonesas Honda e Toyota e a sul-coreana Hyundai.
A projeção da Chery é vender 10 mil veículos no Brasil em 2010 e 30 mil em 2011, todos importados, já que a fábrica que será instalada em Jacareí deve começar a produzir no final de 2013, a um ritmo de 50 mil unidades anuais.
O foco da marca são veículos compactos na faixa dos 25 mil a 35 mil reais, segmento responsável por mais da metade das vendas de veículos do Brasil. Para conseguir superar eventuais receios do consumidor sobre a qualidade dos produtos chineses, a companhia está equipando seus veículos com itens como freios ABS e airbags, hoje vendidos como opcionais na maioria dos carros do país.
"A questão do estigma sobre a qualidade do produto chinês era preocupação no início, mas é a mesma dificuldade que os coreanos enfrentaram e agora são vistos como sinônimo de qualidade", disse Curi.
Além disso, a montadora tem intenção de nacionalizar o máximo possível de componentes de seus veículos, atraindo para seu complexo fornecedores que já produzem componentes para veículos de marcas rivais, disse Curi, sem citar nomes.
O executivo disse ainda que para o segundo semestre de 2011 todos os veículos trazidos pela Chery ao país serão equipados com motores bicombustível. Isso será possível depois que a empresa contratou fornecedor no Brasil que desenvolveu dois motores flexíveis.
Esses motores serão fabricados na China e equiparão os carros que a Chery produzirá em Jacareí, antes de uma eventual nacionalização que pode ocorrer quando o volume de vendas da marca ultrapassar as 170 mil unidades por ano.
"Eles serão os primeiros motores bicombustível produzidos na China", disse Curi.
VANS NO BRASIL
O executivo comentou que viajou à China em meados de setembro para discutir com a Chery International o lançamento da linha de vans da marca no Brasil. "Se a linha de comerciais vier, a fábrica precisará de uma expansão, mas isso não será difícil porque ela é modular. Vamos importar primeiro para ver a aceitação do mercado", disse Curi.
Afirmando que a marca chegou para "fincar raízes na América do Sul", Curi adiantou que a Chery vai abrir um centro de pesquisa no Brasil entre 2012 e 2013 que poderá abrigar pelo menos 100 engenheiros.
O centro vai desenvolver veículos voltados ao público sul-americano e ajudar nos estudos sobre uma eventual produção de motores no Brasil. Ele calculou que um centro como esse pode exigir investimento de US$ 50 milhões a US$ 70 milhões.
A Chery --com sede na cidade de Wuhu, província de Anhui-- está presente em 70 países e tem 15 fábricas, a maioria na Ásia, que empregam cerca de 22 mil funcionários.
A fábrica no Brasil será a primeira de grande porte da marca nas Américas. A montadora chinesa tem uma unidade de montagem do Uruguai em parceira com um grupo argentino.
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