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19/10/2010 - 05h32

FMI nega que haja guerra de divisas

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DA EFE, EM XANGAI

O primeiro subdiretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), John Lipsky, negou nesta segunda-feira que esteja ocorrendo uma guerra de divisas, apesar das muito baixas taxas de juros nas economias mais avançadas do planeta, pois são medidas "orientadas à situação doméstica".

Lipsky participou de uma entrevista coletiva à imprensa junto a Yi Gang, vice-presidente do Banco Popular da China, após a reunião organizada pelas duas instituições em Xangai sobre "Políticas Macroprudenciais, uma Perspectiva Asiática", com presença de dirigentes bancos centrais de alguns países.

O encontro foi presidido pelo diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, e pelo governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, mas nenhum deles concedeu entrevista à imprensa e foram seus subordinados diretos os que explicaram as conclusões do dia.

"Virtualmente todas as economias avançadas estão caindo a juros de quase 0%", ressaltou Lipsky. "O impacto dessa política nessas economias, no contexto de um baixo crescimento e uma muito baixa inflação, ainda é incerto".

"Claramente", continuou, "essas políticas estão voltadas à situação doméstica, não a implicações internacionais".

O subdiretor do FMI destacou que "a política monetária e fiscal nas economias avançadas e as políticas orçamentárias e estruturais nas dinâmicas economias emergentes" devem ser discutidas "de maneira exaustiva e coerente, em vez de nos atermos a um só aspecto".

Para evitar uma guerra de divisas, ele considera necessário "o reequilíbrio das fontes de crescimento, longe da política orçamentária e de estímulos orçamentários", mas fomentando a iniciativa privada.

Dessa maneira, as economias emergentes devem se concentrar em "desenvolver a demanda doméstica", enquanto as "econômicas com um deficit persistente" devem tentar "melhorar sua rede de exportações por meio das políticas nacionais apropriadas".

"Esta é a maneira adequada de ver este assunto e a maneira de nos assegurar que não haverá uma guerra de divisas", concluiu Lipsky.

Por sua vez, em discurso a portas fechadas e posteriormente divulgado à imprensa, Strauss-Kahn reiterou que o século XXI "pode ser o século da Ásia", mas que, "com isso, vem uma grande responsabilidade, para guiar e tornar própria a agenda de colaboração" necessária para tornar mais seguro o sistema financeiro mundial.

"Segundo as tendências atuais, a economia da Ásia poderia ser tão extensa como a dos Estados Unidos e da União Europeia juntas para 2015", afirmou a autoridade máxima do FMI.

Ele lembrou também que a Ásia tem uma "importante voz" não somente no Grupo dos 20 (G20, países ricos e emergentes), mas também no FMI, que está "em vias de dar mais influência aos mercados emergentes dinâmicos".

Strauss-Kahn destacou, no entanto, que muitos consideram os pedidos de "responsabilidade" uma indireta para a China, acusada por seus parceiros comerciais de manter sua moeda artificialmente desvalorizada.

Na origem do que se começou a chamar de "guerra de divisas" está a China, com sua política de manter o yuan depreciado, apesar das acusações de que Pequim o faz para favorecer suas exportações.

A postura do coverno chinês levou outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, a tomarem medidas similares, enquanto países emergentes como Brasil, Índia, Peru e Tailândia gozam de pujança econômica - ausente em países desenvolvidos - após a crise financeira global.

Isso está provocando uma chegada em massa de investimentos estrangeiros que empurram suas moedas para cima, e os países tentam controlar a valorização de suas divisas para não perder competitividade.

Neste contexto, Yi assinalou que, na China, "continuaremos a reforma de nosso regime cambial de maneira gradual". Sobre o yaun disse esperar "que se mantenha estável e próximo a uma taxa de juros determinada pelo mercado".

"Temos de continuar nossa política para termos certeza de que a economia crescerá e que a recuperação será sustentável", ressaltou.

A China buscará se transformar em uma economia mais voltada à demanda interna, o que coincide com seus planos para o progressivo desenvolvimento rural no vasto interior do país.

Lipsky e Yi disseram que a principal conclusão do encontro desta segunda-feira é que há bastante consenso entre os 187 países-membros do FMI sobre a ideia de que é necessário continuar a "cooperação global" para desenvolver políticas que permitam construir um sistema financeiro mundial mais seguro que antes da crise.

 

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