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11/11/2010 - 09h09

Lição da crise é que papel do Estado tem de mudar; regulação financeira é essencial

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MAÍRA TEIXEIRA
DE SÃO PAULO

Um assunto que deve ganhar destaque na reunião do G20, realizada nesta quinta e sexta-feira em Seul, será regulação dos mercados financeiros mundiais. Especialmente depois que a União Europeia e os Estados Unidos tomaram medidas para regulamentar os mercados, mas ainda sofrem dias de recuperação lenta e seguem no sentido evitar falências de instituições financeiras e até de Estados, como Grécia, Irlanda, Hungria, Espanha e o próprio EUA.

Para Celso Grisi, economista da FIA (Fundação Instituto de Administração) e da USP (Universidade de São Paulo), a lição que deve ficar após o G20 neste sentido é que o papel do Estado tem de mudar.

"Com a economia totalmente globalizada é preciso criar mecanismos eficazes de blindagem. A regulação bancária tem de ser discutida e definida. As economias não podem ignorar que tivemos uma crise imensa, que abalou o mundo, e que afetoo todos os mercados. O contágio foi imenso e por isso é urgente que se crie mecanismos para regular e punir o uso irrestrito de investimentos como os derivativos -- devido ao elevado nível de contágio."

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O economista condena utilização sem lastro de derivativos. "Da forma como é feita hoje, os derivativos funcionam como uma emissão de moeda sem controle. Não sabemos quantas operações são feitas no mundo por dia. Não há lastro e a probabilidade de que o mundo sofra novos problemas é grande."

José Márcio Camargo, economista da Opus, concorda com Grisi. "É preciso insistir no controle das operações especulativas. Nos EUA, esse tipo de lucro é regular, faz parte da cultura. Os EUA têm um monte de papeis podres e querem sempre alavancar, ter lucros enorme. Para que isso continue é imprescindível ter regras, senão o ônus pode ser governamental, mesmo que o risco tenha sido corrido por um banco privado."

Grise destaca que as operações nos EUA precisam sofrer restrições porque causam grandes prejuízos à economia real. "Ao consumidor, e ao desempregado. Essas pessoas estão pagando a conta da GM e das empresas de hipoteca, por exemplo".

MEDIDAS

A UE (União Europeia) aprovou em setembro um sistema de supervisão financeira, com a criação de três agências transnacionais que devem vigiar bancos e mercados, após uma crise que ainda tem os efeitos sentidos, principalmente no consumo e desemprego na região. A nova legislação da UE entra em vigor em 1º de janeiro e foi criada,segundo o comissário europeu de Serviços Financeiros, Michel Barnier, para "prevenir futuras crises severas, proteger os consumidores e estimular um crescimento sustentável".

Em 21 de julho, o presidente dos EUA, Barack Obama, promulgou a maior reforma financeira do país desde a Grande Depressão. O intuito de uma das principais bandeiras do presidente da maior potência do mundo era acalmar os mercados, e com a regulamentação mostrar aos norte-americanos que o Estado não poderia pagar novamente pelo erro de bancos e instituições em busca do lucro. Obama defende desde o início da elaboração da lei que a reforma colocará fim aos resgates de Wall Street financiados pelos contribuintes.

 

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