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Previ diz que não cogita substituir Agnelli
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ÉRICA FRAGA
RICARDO BALTHAZAR
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
A substituição do presidente da mineradora Vale, Roger Agnelli, não faz parte dos planos da Previ, maior fundo de pensão do país e maior acionista da empresa.
"O assunto não está na pauta de discussão", afirmou ontem em entrevista à Folha o presidente da Previ, Ricardo Flores, que assumirá a presidência do conselho de administração da Vale hoje.
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Flores indicou que pretende trabalhar para apaziguar os conflitos que abalaram a empresa nos últimos meses, quando o governo manifestou insatisfação com a gestão de Agnelli e o executivo acusou o PT de tentar derrubá-lo.
Ele defendeu o direito do governo de opinar sobre a condução da empresa e cobrar a realização de investimentos. "A preocupação do governo é natural, dada a relevância que a Vale tem no contexto brasileiro", disse.
Sem mencionar o nome de Agnelli, Flores disse que os executivos da empresa deveriam evitar manifestações públicas sobre questões políticas. "O que não é razoável é participar de discussões político-partidárias", afirmou.
Em outubro, questionado por jornalistas sobre as pressões que sofreu do governo, Agnelli disse que "tem muita gente procurando uma cadeira" e acrescentou: "É geralmente gente do PT".
As declarações foram feitas a poucos dias do segundo turno da eleição presidencial e criaram desconforto no governo e entre os acionistas da mineradora, dos quais o segundo maior é o Bradesco, onde Agnelli trabalhava antes de entrar na companhia.
DESCONFIANÇAS
Na avaliação do presidente da Previ, atritos desse tipo desviam a atenção dos executivos da Vale e contribuem para disseminar desconfianças no mercado e desvalorizar as ações da empresa.
"A agenda da Vale não é estar nas páginas dos jornais envolvida em polêmicas que tiram o foco dos negócios", afirmou Flores. "Elas colocam a mineradora num contexto de incerteza e criam um clima de instabilidade ruim."
Analistas do mercado financeiro têm expressado preocupação com as tentativas do governo de interferir na gestão da companhia e induzi-la a acelerar investimentos como a construção de uma siderúrgica no Pará em vez de explorar oportunidades mais lucrativas.
A substituição de Agnelli poderia aumentar essas desconfianças se fosse interpretada como um sinal de que os desejos do governo passariam a prevalecer sobre os interesses dos acionistas da empresa, dizem analistas.
Privatizada em 1997, a Vale é a maior empresa privada do país. Além da Previ e do Bradesco, fazem parte do bloco de controle da Vale o grupo japonês Mitsui, o BNDES e o Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.
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