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Propostas para compra de fazenda de Canhedo, da falida Vasp, são rejeitadas
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CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
As propostas feitas nesta quinta-feira por grupos empresariais interessados em comprar a fazenda Piratininga, do empresário Wagner Canhedo, ex-proprietário da falida Vasp, foram rejeitadas pelos representantes de 8.000 ex-trabalhadores da companhia aérea, que consideraram os valores inferiores ao que esperava arrecadar a Justiça do Trabalho, de R$ 300 milhões.
Essa é a terceira tentativa frustada de vender o imóvel na tentativa de quitar parte dos direitos trabalhistas de funcionários da falida Vasp. Novo prazo foi dado, a pedido dos interessados, para que apresentem as propostas até as 17h de amanhã.
A decisão de recusar as ofertados foi dos sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas com apoio da juíza do Trabalho do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, Elisa Maria Secco Andreoni, do Ministério Público do Trabalho.
Os interessados em comprar o imóvel ofereceram entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões em propostas feitas em oferta pública à Justiça do Trabalho e não mais por leilão.
"A empresa Voe Canhedo S/A, dona de 60% das ações da Vasp, propôs deságio entre 70% e 90% sobre o valor principal de R$ 300 milhões", informou o advogado Carlos Augusto Duque-Estrada Jr.. A Voe Canhedo S/A pretendia realizar os pagamentos de acordo com o crédito de cada trabalhador, com deságio de até 90% (dívidas acima de R$ 300 mil).
A segunda oferta foi feita pela J&F Participações, do grupo JBS Friboi. A empresa propôs pagamento de R$ 150 milhões pelo imóvel (sendo R$ 50 milhões no ato da imissão de posse e o restante 30 dias após a efetiva imissão de posse) e, momentos depois, aumentou a oferta para R$ 200 milhões.
Os empresários Moisés Carvalho e Antonio Lucena Barros, que informaram representar um grupo de empresários, ofereceram R$ 215 milhões --com sinal de R$ 32,250 milhões e R$ 182 milhões em doze parcelas anuais.
"Se alguma proposta chegasse a R$ 300 milhões, poderia haver até uma negociação em relação à forma de pagamento. Mas os valores ficaram muito abaixo", disse o advogado.
Se a fazenda não for vendida amanhã, os trabalhadores decidiram que vão administrar o imóvel e seus bens. "Os sindicatos assumirão a fazenda, será indicado um administrador judicial, pela Justiça, para cuidar dos bens e vendê-los separadamente", disse Duque-Estrada Jr..
TENTATIVAS FRUSTRADAS
Em abril passado, a fazenda foi leiloada pela primeira vez, mas não houve proposta.
No final do novembro, foi feito o segundo leilão. Nele o empresário Francisco Vivoni, do grupo Conagro, arrematou imóvel pelo lance mínimo de R$ 430 milhões. Dois dias depois, sustou os cheques dados.
O TRT invalidou o leilão e decidiu que o imóvel seria vendido em ofertas entregues diretamente à Justiça.
A venda da fazenda Piratininga servirá para pagar dívidas trabalhistas estimadas entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, segundo o advogado Francisco Gonçalves Martins, que representa o Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo.
A FAZENDA
Situada em São Miguel do Araguaia, em Goiás, a fazenda pertencia à empresa Agropecuária Vale do Araguaia Ltda. e está avaliada em R$ 615, 375 milhões. O imóvel tem uma área total de 130.515 ha (ou 29.965 alqueires goianos). No local existem duas casas de alto padrão, com piscinas, garagem para barcos, pomar e uma igreja, além de salão de festas, clube, quadras e um estádio de futebol.
Há ainda pista de pouso, hangares, curral, escritórios, auditório, depósitos, duas fábricas de pré-moldados e até uma padaria completa, além de vários imóveis para uso de empregados. Também estão incluídos na venda caminhões, veículos, equipamentos tratores, implementos e algumas máquinas, além de sete micro-ônibus, sete caminhonetes, jipe e seis geradores de energia.
Além desses bens, o edital dos leilões anteriores informam que a fazenda tem aproximadamente 70 mil animais, sendo 18 mil vacas da raça Nelore, acompanhadas de bezerros (machos e fêmeas) com idade entre um dia até sete meses. São avaliadas em R$ 1.200 cada. Há ainda mil bezerros e bezerras da raça Nelore, quase 30 mil vacas, cerca de 13 mil novilhas, 5 mil bezerras e bezerros, cerca de 1.600 touros reprodutores e 49 cavalos.
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