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PF prende ex-superintendente e mais sete por desvio de cargas em Paranaguá
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JEAN-PHILIP STRUCK
DE CURITIBA
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira oito pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha que desviava cargas do porto de Paranaguá (PR), segundo maior do país.
Um dos presos é Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, ex-superintendente da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina). Souza comandou a administração entre outubro de 2008 e abril de 2010. A PF não divulgou qual é o papel do ex-superintendente no esquema de desvios.
Agentes da PF também cumpriram um mandado de busca e apreensão no apartamento em Curitiba de Eduardo Requião, irmão do ex-governador do Paraná e senador eleito Roberto Requião (PMDB). Eduardo ocupou o cargo de superintendente da Appa entre 2003 e 2008, quando seu irmão era governador.
Os oito presos foram levados para a sede da Superintendência Regional da PF em Curitiba.
As prisões fazem parte da Operação Dallas. Ao todo, estão sendo cumpridos dez mandados de prisão temporária em Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro, além de 29 mandados de busca e apreensão em empresas, terminais portuários, casas dos investigados e na sede da Appa.
Segundo a Receita Federal, que participou da operação, a quadrilha é suspeita de desviar 10 mil toneladas de cargas anualmente, especialmente soja, farelo, milho, açúcar e trigo. Ainda segundo a Receita, só em soja o desvio chega a R$ 8,3 milhões.
As investigações começaram há dois anos, após a Receita Federal receber reclamações de exportadores que se queixavam do sumiço de parte das cargas embarcadas em navios graneleiros.
Segundo a Receita, parte do grupo preso nesta quarta é proprietário de um terminal de embarque no porto e de empresas exportadoras. A suspeita é de que eles se apropriavam da "retenção técnica", um percentual a mais de carga enviado pelos exportadores para cobrir perdas que podem acontecer em operações de armazenagem e embarque de granéis.
Segundo a Receita, quando o embarque era finalizado, os suspeitos informavam aos exportadores que não havia sobrado qualquer retenção. Depois, eles comercializavam a "sobra" ilegalmente no mercado interno.
De acordo com a PF, os envolvidos podem ser indiciados por estelionato, apropriação indébita, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informática, descaminho (contrabando) e formação de quadrilha.
Em nota, a administração do porto afirmou que os documentos solicitados pela Polícia Federal foram entregues e que a atual administração pretende contribuir com todas as diligências da autoridade policial.
A defesa do ex-superintendente Souza não foi localizada pela reportagem.
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