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Crise alimentar põe milhões em risco na Coreia do Norte
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DA REUTERS, EM GENEBRA
Milhões de crianças e mulheres em idade fértil sofrem de desnutrição na Coreia do Norte, e estão sob maior risco de morte ou doenças, disse o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) nesta terça-feira.
A agência pediu aos doadores que ajudem a evitar uma "crise de nutrição" na Coreia do Norte devido à escassez de financiamento. O Unicef recebeu apenas US$ 4,6 milhões de um total de US$ 20,4 milhões necessários para seus programas de emergência no país este ano.
"Se o financiamento não chega e somos incapazes de manter os nossos programas de nutrição para tratar as crianças que estão gravemente desnutridas, essas crianças vão sofrer consequências irreversíveis para o seu crescimento e capacidade de desenvolvimento", disse Bijaya Rajbhandari, representante do Unicef na Coreia do Norte, em comunicado.
O porta-voz do Unicef, Chris Tidey, não tinha informações imediatas sobre como os governos haviam contribuído para o seu apelo de financiamento até o momento.
Uma em cada cinco crianças norte-coreanas com menos de cinco anos já sofre de desnutrição moderada, que pode causar nanismo e também dificulta o seu desenvolvimento cognitivo, disse Tidey à Reuters, citando uma pesquisa de dezembro de 2010.
Isso se traduz em cerca de 88,4 mil crianças que são consideradas moderadamente desnutridas e em risco de desnutrição grave, disse ele.
Crianças gravemente desnutridas são particularmente vulneráveis a doenças diarreicas e infecções respiratórias agudas, que podem ser fatais, especialmente para aquelas com menos de cinco anos de idade.
Uma em cada três crianças norte-coreanas com menos de cinco anos é moderadamente atrofiada e estima-se que 11,4 mil morram todos os anos antes do seu quinto aniversário, de acordo com Tidey.
Cerca de 28% das mulheres norte-coreanas entre 15 e 49 anos estão subnutridas, segundo dados do Unicef.
"Isso aumenta bastante o risco de dar à luz bebês com baixo peso ao nascer, que estão em maior risco de mortalidade e doenças, aumentando a desnutrição crônica generalizada com efeitos catastróficos a longo prazo no desenvolvimento das crianças", disse o Unicef.
As taxas de mortalidade materna também são elevados, com 85 mulheres que morrem no parto por cada 100 mil bebês nascidos vivos, disse Tidey.
O Unicef oferece programas de alimentação escolar, suplementação alimentar para pacientes ambulatoriais e de aconselhamento para mulheres grávidas e lactantes para incentivar o aleitamento materno.
Valerie Amos, principal autoridade humanitária da ONU, visitou a Coreia do Norte na semana passada e pediu que as potências regionais coloquem as diferenças políticas de lado em meio a um agravamento da crise alimentar no país, dizendo que o punhado de ajuda que já chegou estava fazendo diferença.
A escassez crônica de alimentos da Coreia do Norte pode ter sido agravada desde o final de 2008 por uma reviravolta na política dos governos sul-coreano e dos EUA, que suspenderam a assistência alimentar fornecida à Coreia do Norte por causa de divergências no monitoramento do programa nuclear do país.
A Coreia do Norte enfrentou uma crise de fome na década de 1990, quando morreu um número estimado em 1 milhão de pessoas no país.
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