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05/12/2011 - 02h00

O aeroporto de Moscou

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FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Há sempre duas formas de comparar um país: a vertical (com relação ao seu próprio passado) e a horizontal (ao lado de outros países).

Veja galeria com fotos sobre o fim da URSS.

Neófito em Rússia, tive uma péssima experiência ao chegar ao aeroporto moscovita de Sheremetyevo. É verdade que o começo foi até agradável, com um funcionário de imigração russo me usando para polir o seu espanhol bastante razoável.

A boa vibra logo se desfez na hora da aduana. No empurra-empurra da fila caótica para passar a mala pelo raio-X, vejo, bem do meu lado, um passageiro dando dinheiro a um funcionário da fiscalização. Em seguida, o rapaz sai com seus quatro grandes volumes. Primeira impressão: a corrupção russa dispensa o decoro.

Ainda na área restrita a passageiros do aeroporto, vou atrás dos meus primeiros rublos. Na maioria dos aeroportos, trata-se de um lugar mais seguro para trocar dinheiro. Não em Moscou: para minha desagradável surpresa, descobri no dia seguinte que deveria ter recebido 30 rublos por cada dólar, em vez de 24 rublos. Faltou mais desconfiança quando o funcionário se recusou a me dar o comprovante. Segunda conclusão: não há lugar à prova de golpe em Moscou

Pelo menos consegui evitar o segundo roubo na hora de pegar o táxi, que convenientemente dispensa o taxímetro. O primeiro que me abordou queria 5.500 rublos (R$ 330) até o hotel, a cerca de 30 km. Três vezes mais do que o preço aconselhado pela minha colega Marina Darmaros: eu só deveria pagar, no máximo, 1.800 rublos (R$ 108). A contraproposta é rechaçada, mas um outro taxista, que ouvia a conversa, me aborda e aceita o preço. Terceira lição: Moscou não é para principiantes.

Terrível como me pareceu, Moscou, na comparação vertical, está muito, muito melhor, por quem vive lá desde a época dos "loucos anos 1990".

Muitas vezes comparado a um faroeste, o primeiro momento pós-URSS foi marcado pelas privatizações à ponta de bala e pela presença das máfias russas em quase todo aspecto da vida no país. (A popularidade de Putin
em parte se explica por restaurar um pouco da ordem, principalmente na
administração pública).

Conta-se que, nos anos 1990, a cadeia de comando estava tão quebrada que a administração aeroportuária se havia transformado num feudo ensimesmado --não respondia a ninguém. Casos de estrangeiros detidos pela imigração tinham de ser negociados in loco e na base de suborno.

Em resumo, a chegada a Moscou me pareceu mais cheia de armadilhas do que a maioria de outros aeroportos em que estive. Mas se vê bem melhor para quem o usa há mais tempo.

Editoria de Arte/Folha

 

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