Turquia ameaça sanções caso lei de genocídios seja aprovada na França

A Turquia anunciou nesta segunda-feira que prepara um pacote de medidas contra a França caso o Congresso do país aprove uma lei contra genocídios. O motivo é a inclusão do genocídio armênio de 1915 entre um dos massacres a serem condenados pelos franceses.

De acordo com assessores do governo consultados pelo jornal turco "Hürriyet", o ministro de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, cancelou uma viagem a Bruxelas para avaliar os resultados e determinar os passos necessários após a votação, que acontece nesta segunda.

A publicação informa ainda que a lista de sanções está pronta e inclui a redução das relações diplomáticas e a retirada imediata do embaixador turco em Paris por um tempo indeterminado. Outro ponto estudado é o cancelamento de um acordo com uma universidade local, que oferece ensino em francês e é dirigida por acadêmicos dos dois países.

No entanto, a medida não deverá afetar o comércio entre os dois países, ainda que o governo não deixaria de apoiar o boicote de empresas privadas.

GENOCÍDIO

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e o líder da oposição, Kemal Kiliçcaroglu, marcaram reuniões com as executivas de seus respectivos partidos, o AKP e o CHP, para avaliar a situação e as represálias.

O texto da legislação francesa prevê prisão de um ano e multa de 45 mil a qualquer um que negue o genocídio como é definido na proposição. A proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados e deverá ser votada no Senado na tarde desta segunda-feira.

A lei ratifica as determinações para o massacre de armênios de 1915, cometido por tropas do Império Otomano (atual Turquia), que os franceses encaram como genocídio. Porém, a Turquia afirma que as mortes aconteceram no contexto da Primeira Guerra Mundial, em que milícias armênias se aliaram a tropas russas.

O governo turco considera que a medida tem caráter eleitoreiro, pois seria um passo para o presidente Nicolas Sarkozy conquistar os votos da comunidade armênia na França. No fim de semana, turcos de diversas partes da Europa se reuniram em Paris para protestar contra a lei.