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Às vésperas de visita papal, Cuba prende 70 dissidentes
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A polícia de Cuba deteve neste domingo 70 ativistas do grupo de oposição Damas de Branco em duas operações diferentes, realizadas a oito dias da chegada do papa Bento 16 à ilha, enquanto dissidentes intensificam seus protestos.
Cerca de 20 Damas de Branco foram detidas depois do meio-dia, enquanto participavam de uma marcha após assistirem à missa na paróquia de Santa Rita, observou um jornalista da AFP, horas depois de outras 33 ativistas serem detidas quando se dirigiam à mesma igreja, informou uma opositora.
"Estavam prestes a sair da sede (do grupo de oposição) para participar da missa que se celebra todos os domingos, mas quando saíram, todas foram detidas", disse à imprensa Odalys Sanabria, membro de Damas de Branco.
Entre as detidas estava Berta Soler, líder do grupo, disse Sanabria.
Mais tarde, 20 ativistas, lideradas por Sanabria, chegaram à igreja de Santa Rita, mas quando faziam sua caminhada após a missa pela Quinta Avenida de Miramar, foram interceptadas pela polícia e detidas, observou um jornalista da AFP.
Em frente ao restaurante Kasalta, no leste de Havana, um grupo foi cercado por policiais femininas à paisana, apoiadas por agentes homens, e conduzido para dentro de um ônibus, no qual entraram mais policiais mulheres, todas em trajes civis.
Policiais uniformizados interromperam o trânsito durante a operação, que ocorreu após o meio-dia, e no qual também foram detidos três homens, entre eles o ex-preso político Angel Moya, marido de Berta Soler.
O grupo Damas de Branco, criado em 2003 por mulheres e familiares de 75 opositores presos naquele ano, estive reunido de quinta até sábado em sua sede por ocasião do nono aniversário das prisões, um evento ao qual chamam de "Primavera Negra".
No sábado, Soler e outras 20 mulheres saíram para fazer uma caminhada, mas foram interceptadas, detidas e levadas a uma delegacia policial no bairro do Cerro, onde ficaram até a meia-noite, quando foram libertadas.
Enquanto estavam detidas, 30 ativistas que ficaram na sede do grupo foram alvo de um "ato de repúdio" durante cerca de três horas por parte de uma centena de simpatizantes do governo comunista, basicamente universitários que gritavam palavras de ordem e dançavam com a música reproduzida por um alto-falante.
A dissidência está intensificando seus protestos ante a aproximação da visita do Papa, entre 26 e 28 de março, mas o Sumo Pontífice não tem previsão de reunir-se com os opositores cubanos, considerados por Havana "mercenários" dos Estados Unidos.
O grupo tem continuado com as suas marchas semanais, único protesto público permitido em Cuba, com o argumento de que há mais prisioneiros políticos para serem libertados.
Em incidentes similares no passado, as Damas de Branco têm sido liberadas horas depois da prisão.
As prisões das mulheres se dão depois de um acontecimento polêmico ter marcado a semana passada em Cuba. Treze dissidentes ocuparam uma igreja em Havana e pediram que o papa mediasse o fim do comunismo.
O protesto durou dois dias e foi reprimido pela polícia.
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