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21/03/2012 - 21h16

Governo do Uruguai se responsabiliza por morte durante ditadura

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DA REUTERS, EM MONTEVIDÉU

O Estado uruguaio assumiu na quarta-feira a responsabilidade pela morte de uma mulher que desapareceu em 1976, durante a última ditadura militar no país. A decisão foi tomada em resposta a uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

María Claudia García de Gelman desapareceu aos 19 anos em Buenos Aires, na companhia do marido, que era filho do poeta argentino Juan Gelman. Grávida de oito meses, ela foi transferida para um centro clandestino de detenção em Montevidéu, e seu corpo nunca foi achado.

A menina Macarena, nascida no cativeiro, foi entregue então a uma família adotiva vinculada aos militares que governaram o Uruguai entre 1973 e 85.

O atual presidente socialista do Uruguai, José Mujica, que participou da luta armada contra o regime militar e esteve preso por isso, disse reconhecer a responsabilidade do Estado pelo desaparecimento da jovem, mesmo após tantas década do fato.

Juan Gelman, ganhador do Prêmio Cervantes em 2007, disse que a decisão de Montevidéu foi "um ato comovedor, muito reparador, porque além do mais devemos assistir a uma espécie de paradoxo histórico, que o presidente da República, vítima da ditadura militar, tenha tido de reconhecer em nome do Estado a responsabilidade dos seus carrascos. É preciso coragem moral para isso".

A neta do poeta só conheceu sua verdadeira identidade aos 23 anos, e em 2010 abriu um processo contra o Estado uruguaio por seu sequestro e pela desaparição da sua mãe.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu-se a seu favor em fevereiro de 2011, e determinou ao Estado uruguaio que assumisse a responsabilidade pelo desaparecimento de María Claudia García, além de pagar a Macarena uma indenização equivalente a cerca de 50 mil dólares.

O desaparecimento de María Clara García ocorreu como parte da chamada Operação Condor, um esquema secreto de cooperação dos regimes militares sul-americanos da década de 1970 contra militantes de esquerda.

Cerca de 200 uruguaios desapareceram nessas operações, a maioria na Argentina. Juan e Macarena Gelman participaram da redação do discurso lido por Mujica no Parlamento, e estiveram presentes na sessão.

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