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No rico reduto de Sarkozy, o medo do retorno da esquerda
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DA FRANCE PRESSE, EM NEUILLY-SUR-SEINE (FRANÇA)
Eles são abastados e vivem no antigo reduto eleitoral de Nicolas Sarkozy. Em Neuilly-sur-Seine, próximo a Paris, onde estão algumas das maiores fortunas da França, os eleitores temem, sobretudo, a política econômica dos socialistas.
O candidato socialista François Hollande prometeu que os esforços de recuperação da França devem, antes de tudo, ser feitos pelos mais ricos. Ele propôs até a taxação em 75% da renda dos "super ricos", que ganham mais de € 1 milhão por ano.
"A esperança é Sarkozy, o medo é Hollande", diz Jacques Jacquelin, de 62 anos, diante do centro de votação número um de Neuilly-sur-Seine.
O local é simbólico, a Prefeitura de Neuilly-sur-Seine, para onde foi o presidente atual, Nicolas Sarkozy, em 1983, aos 28 anos de idade, e, em parte, onde construiu seu destino nacional. Em 2007, "sua" cidade de 60.000 habitantes deu 73% de seus votos a ele.
"Hollande não fez suas provas", lamenta Jacques Jaquelin, em referência à falta total de experiência governamental do candidato socialista. "O que ele disse no plano econômico me deixa espantado", acrescenta.
"Apoio Nicolas Sarkozy. Não estou convencido sobre François Hollande, e não acho que ele tenha a experiência necessária", afirma Virginie Favre, de 37 anos.
AJUSTES
A direita no poder e alguns economistas criticam em particular a promessa de François Hollande, que caso seja eleito, disse que vai recrutar 60 mil professores durante o seu mandato. Ele quer também fazer ajustes na reforma da aposentadoria de Nicolas Sarkozy.
Sua política levará a França ao "caos" econômico, afirmou o campo de Sarkozy durante a campanha.
Os eleitores de Neuilly também estão preocupados com o apoio obtido por Jean-Luc Mélenchon, representante da esquerda radical. Revelação da campanha, apoiado por pouco menos de 15% nas últimas pesquisas, ele ataca os bancos e o mundo financeiro, e quer um aumento generalizado dos salários.
Para Rémi Quintin, de 39 anos, "se Hollande vencer, ele será refém de Mélenchon". "Sarkozy está longe de ser perfeito, mas é a melhor escolha possível", ressalta.
Esses eleitores consideram que Jean-Luc Mélenchon exigirá contrapartidas dos socialistas em troca de seu apoio a François Hollande no segundo turno, no dia 6 de maio.
POUCOS SOCIALISTAS
Nesta cidade vizinha a Paris, onde mansões disputam espaço com edifícios opulentos, os "hollandeses" são poucos. Philippe Ouakrat, de 53 anos, é um deles. "Quero que o governo mude (...) Optei por François Hollande porque é um candidato em que posso acreditar", diz.
Perto de lá, os eleitores da rica cidade de Marnes-la-Coquette, onde 79% dos moradores votaram em Sarkozy em 2007, são mais fatalistas. Diante do único centro de votação, Virginie Legrand, de 50 anos, afirma que "a desigualdade se tornou insuportável".
"Isso me faz pensar um pouco em 1789", ano da Revolução Francesa, diz.
Ela quer a "mudança" porque "o país está em crise". "É preciso que todos se comprometam, que os ricos aceitem pagar mais impostos".
Jean, de 90 anos, também considera normal que os ricos sejam visados pelos candidatos. "Temos que dividir mais", ressalta sua esposa Michèle, 78 anos.
Jean fala que também fica um pouco preocupado com uma eventual vitória da esquerda, "mas Mélenchon não vai cortar nossas cabeças agora!", brinca.
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