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Brasil aposta no futebol para refazer imagem na Líbia
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MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Mais de um ano após ter fechado a embaixada em Trípoli, no auge da revolução, o Brasil está prestes a restabelecer sua presença diplomática na Líbia.
O novo embaixador, Afonso Carbonar, embarca em breve para a Líbia com o desafio de desfazer a imagem negativa causada pelas boas relações do Brasil com a ditadura Gaddafi.
Em sua primeira entrevista desde a nomeação, Carbonar disse à Folha que há compreensão do governo de transição líbio sobre "a posição de princípio" do Brasil, de defesa do diálogo e da solução pacífica de conflitos.
Mas admitiu que será preciso um esforço extra para restaurar a imagem do país entre a população. Sua estratégia é propor projetos de cooperação em várias áreas.
Ele aposta no futebol para quebrar o gelo. Não só programas de treinamento e intercâmbio: Carbonar revela que tem conversado com patrocinadores para levar a seleção brasileira para uma partida na Líbia.
"Uma grande empreiteira está avançando discretamente nessa ideia", disse.
Ao lado da retomada do diálogo político, a missão de Carbonar é facilitar a volta das empresas brasileiras. Além da Petrobras, três empreiteiras operavam no país: Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
Grandes projetos estão parados. O embaixador estima em US$ 6 bilhões (R$ 12 bilhões) a soma dos contratos, que estão sob impasse desde a revolução.
O governo provisório líbio já disse que os contratos assinados com Gaddafi poderão ser revistos. Mas as negociações para a retomada das operações também devem incluir compensações pelas perdas sofridas pelas empresas brasileiras.
Para o embaixador, a necessidade de reconstrução e os recursos da Líbia como grande produtor de petróleo significam oportunidades de ótimos negócios.
"A Líbia é um país de alta liquidez. Tem cerca de US$ 25 bilhões (R$ 50, 7 bi) de superavit e US$ 170 bilhões (R$ 344,9 bi) de reservas e investimentos", diz. Ele usará a experiência como assessor especial de Defesa do Itamaraty para traçar o esquema de segurança da embaixada.
E já avisa que rejeitará a solução escolhida para a reabertura da embaixada do Brasil no Iraque, em março, quando foi escolhida uma empresa britânica.
"São mercenários. Algumas dessas empresas estão sendo processadas por atos de guerra, incluindo no Iraque e no Afeganistão, e eu não quero criar problemas para o governo brasileiro."
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