Ex-diretor do Barclays responsabiliza Diamond por escândalo Libor

Jerry del Missier, ex-diretor de operações do Barclays, declarou nesta segunda-feira que agiu por instrução do ex-diretor executivo do banco Bob Diamond ao manipular a taxa interbancária britânica Libor, que serve de referência para trilhões de dólares em transações no mundo.

Del Missier, que pediu demissão em meio ao escândalo, reconheceu ante a Comissão do Tesouro da Câmara dos Comuns que deu instruções a um dos serviços do banco --o money market desk-- para que fosse reduzida a taxa transmitida à Associação de Banqueiros Britânicos (BBA) para o cálculo da taxa Libor e a europeia Euribor.

Reuters-04.jul.2012

Ex-diretor executivo da Barclays Bob Diamond deixa sede do Parlamento após prestar depoimento sobre fraude da Libor

"Tudo o que fiz foi com base em conversas que tive com Bob Diamond", declarou o banqueiro canadense, explicando que o ex-diretor lhe disse que teve uma discussão o vice-governador do Banco da Inglaterra, Paul Tucker. "Transmiti a instrução tal qual a recebi", afirmou.

Del Missier era no banco de investimento o homem de confiança de Diamond, que deixou seu cargo no mesmo dia do estouro do escândalo.

O Barclays afirmou que Del Missier interpretou mal uma instrução de Diamond e disse aos funcionários do banco que o Banco da Inglaterra (banco central) os tinha autorizado a adotar juros mais baixos para diminuir a Libor.

ESCÂNDALO

O Barclays pagou multa de quase R$ 1 bilhão a autoridades do Reino Unido e dos EUA por conta da manipulação da Libor (taxa de juros para operações entre os bancos).

Diamond afirmou que o Barclays estava sendo usado como bode expiatório por ter cooperado com as autoridades e por ter sido a primeira instituição financeira a revelar suas infrações. A manipulação de taxas de juros ocorreu entre os anos de 2005 e 2009, quando o Reino Unido ainda era governado pelo Partido Trabalhista.

Há suspeitas de que o governo e o Banco Central tiveram envolvimento. O Barclays tornou públicos em seu site diversos documentos que comprometem as autoridades britânicas. Entre eles estão anotações do ex-diretor-executivo a respeito de conversa telefônica com um funcionário do banco central do país.

As notas de Diamond sobre a conversa, em outubro de 2008, revelam a discussão de que as taxas do Barclays para tomar empréstimos, um dos elementos para calcular a Libor, estavam altas, segundo a opinião de integrantes do Parlamento.

Dessa forma, membros da direção do Barclays entenderam que o banco central estava pressionando o banco a reduzir suas taxas.