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Dissidentes republicanos unem forças para formar novo IRA
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HENRY McDONALD
DO "GUARDIAN"
Três dos quatro principais grupos terroristas republicanos dissidentes na Irlanda do Norte vão se fundir e reivindicar a bandeira do IRA de volta, numa escalada das tentativas de desestabilizar a partilha de poder.
Uniram-se ao IRA Real o grupo Ação Republicana Contra as Drogas, que vem travando uma campanha violenta em Derry, e uma coalizão de grupos republicanos armados independentes. Com isso, apenas o grupo IRA Continuidade fica de fora da nova entidade.
Em comunicado à imprensa, a nova organização afirmou que formou uma estrutura unificada sob uma liderança única, e que a organização vai respeitar a constituição do Exército Republicano Irlandês (IRA). É a primeira vez desde o Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, que a maioria das forças do republicanismo dissidente se uniu.
Fontes republicanas disseram que a nova força paramilitar inclui várias centenas de dissidentes armados, incluindo alguns ex-integrantes do agora desmembrado IRA Provisório que vêm travando uma campanha de fuzilamento e exílio forçado de homens em Derry City que eles acusam de tráfico de drogas.
De acordo com o comunicado, ela também inclui republicanos não-conformistas, ou grupos independentes menores de Belfast e partes rurais da Irlanda do Norte.
Uma fonte próxima aos dissidentes disse que, com a formação da nova organização, a Ação Republicana Contra as Drogas e o IRA Real deixarão de existir.
De acordo com a fonte, a nova organização pretende intensificar os ataques de terror contra as forças de segurança e outros alvos relacionados a ela que a organização vê como símbolos da presença britânica.
Esses alvos podem incluir delegacias de polícia, agências regionais do Banco de Ulster e a festa Cidade da Cultura Reino Unido 2013 em Derry, que os dissidentes qualificam como normalização do domínio britânico.
Em seu comunicado, o novo grupo disse: "Nos últimos anos a criação da Irlanda livre e independente enfrentou reveses devido a falhas da liderança do nacionalismo irlandês e a rachas no interior do movimento republicano". Foi uma alusão à divisão entre republicanos de linha dura, contrários ao acordo de paz, e o Sinn Fein, que vem seguindo uma estratégia política.
Numa crítica clara à participação do Sinn Fein na executiva em que o poder é compartilhado com unionistas, o comunicado dos dissidentes disse: "Foi vendida ao povo irlandês uma paz falsa, carimbada por um Legislativo de fachada em Stormont".
O comunicado disse que a necessidade da luta armada para buscar a liberdade irlandesa das "forças da coroa britânica" só será evitada com a retirada da presença militar britânica na Irlanda do Norte. O comunicado reivindicou "um cronograma internacionalmente observado que detalhe o desmantelamento da ingerência política britânica em nosso país".
O comunicado também criticou o secretário da Irlanda do Norte, Owen Paterson, pela prisão de várias figuras republicanas chaves, descrevendo Paterson com lorde feudal. "Republicanos não-conformistas estão sendo sujeitos a assédio, detenção e violência pelas forças da coroa britânica; outros foram detidos por ordens de um senhor feudal inglês. É a Grã-Bretanha, e não o IRA, que optou pela provocação e o conflito."
Acredita-se que entre os republicanos que aderiram à nova organização estão os responsáveis pelo assassinato de abril de 2011 de Ronan Kerr, um recruta católico do Serviço Policial da Irlanda do Norte, e os terroristas que atacaram Peadar Heffron, outro policial católico, ferido gravemente em janeiro de 2010 por uma bomba que explodiu dentro de seu carro quando ele estava a caminho da delegacia de polícia em que trabalhava.
O recrutamento em Derry de ativistas do grupo Ação Republicana Contra as Drogas assinala um grande passo à frente na campanha de terror na cidade. Dezenas de antigos membros do IRA provisório se envolveram no fuzilamento e intimidação de homens jovens, em sua maioria católicos, a quem acusam de fazer tráfico de drogas na cidade.
A campanha Ação Republicana contra as Drogas ficou conhecida em todo o mundo desde uma investigação conduzida pelo "Guardian" este ano sobre a onda de fuzilamentos e expulsões forçadas em Derry, a segunda maior cidade da Irlanda do Norte.
Tradução de Clara Allain
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