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13/08/2012 - 05h30

Estilo formiga de arrecadar dá lugar a megadoadores

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LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Sábado, a campanha de Barack Obama para a reeleição enviou um e-mail a seus seguidores pedindo US$ 3 (R$ 6). Mitt Romney, seu rival republicano, pediu microdoações em troca de uma rifa para conhecer o vice, Paul Ryan. Na véspera ocorreu o mesmo, e na antevéspera, também.

Usado de chamariz, o estilo formiga de arrecadar que inscreveu a campanha de Obama na história em 2008 pode ter efeito mínimo agora. Não que o presidente-candidato vá mal: segundo o centro independente Instituto de Finanças de Campanha, 39% dos US$ 282,6 milhões que ele levantou até junho vieram em aportes inferiores a US$ 200.

Na mesma época em 2008, eram 29% de US$ 323,4 milhões, US$ 19 milhões menos.

A questão é o outro lado. Bancado por grandes financiadores (71% deles deram mais de US$ 1.000, contra 30% de Obama), Romney obteve só 15% de suas doações individuais dos pequenos.

FÔLEGO

O total, US$ 107,6 milhões, é menor que o do democrata, mas supera o do candidato republicano em 2008, John McCain, e ganha fôlego: há três meses Romney bate Obama em levantamento de fundos, e a tendência é continuar, com o anúncio do vice.

"Há duas coisas: uma, não houve primárias [partidárias para o presidente] neste ano; outra, há claramente menos entusiasmo comprometido", disse à Folha Michael Malbin, diretor-executivo do instituto e um dos principais especialistas em caixa eleitoral.

Malbin lembra que a dinâmica democrata neste ano, por Obama ser o nome do partido desde o início, levou muita gente a contribuir com a legenda, não com o candidato.

É aí que os grandes doadores aparecem: 42% do total obtido pelo partido vem de quem deu mais de US$ 30 mil (no caso republicano, 30%). As pequenas doações, 50% em 2008 de ambos os lados, caíram para 25% no caso democrata e 35% na oposição.

"Obama está cheio de megadoadores, mas eles buscam cofres diferentes", diz Malbin. "A questão é que Romney tem se dado muito bem."

CAMPANHA DE "ANTIS"

Além de 2008 ter sido um raro ano em que nenhum dos candidatos passou pelo governo, mais dois fatores pesam na dinâmica neste ano.

O maior é a crise. Os indícios são de que há menos paixão que em 2008, pois o país passou por um "mau bocado", diz Malbin, lembrando que não há espaço para o que não envolva economia.

"As pessoas não olham mais para a próxima eleição como um momento transformacional, como na última. Nem os seguidores do presidente, que achavam que ele mudaria a política e a economia americana e tiveram suas esperanças esmagadas."

O resultado, afirma, é que neste ano os eleitores de Obama o consideram melhor (ou menos ruim) do que Romney, mas não se sentem parte de um movimento, e o compromisso emocional é menor.

O mesmo vale no caso da oposição, em que as paixões são anti-Obama, não pró-Romney.

MUDANÇA DE REGRA

Por sua vez, o setor financeiro, que em 2008 já preferia Hillary Clinton do lado democrata, redobrou a aposta em Romney para frear o plano regulatório do presidente.

Finalmente, mudou a regra, com o aval da Justiça em 2010 para que grupos que não se assumam como comitês de ação política arrecadem e invistam sem limites, e o fim das barreiras a comitês que se digam independentes dos candidatos. É só se declarar, mesmo que não seja verdade.

Essas organizações gastam sobretudo em comerciais, e Malbin estima que seu impacto seja maior nas disputas do Legislativo, em que os candidatos são menos conhecidos.

Mas ele lembra que, por arrecadarem com megadoadores e não terem as contas abertas, eles inserem na corrida atual um elemento-surpresa. Ninguém sabe quanta bala ainda têm na agulha esses grupos.

 

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