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04/10/2012 - 13h42

Parlamento autoriza, mas governo turco afasta guerra contra a Síria

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Integrantes do governo da Turquia afirmaram nesta quinta-feira que não têm interesse em entrar em guerra contra a Síria, apesar da permissão concedida na quarta (3), pelo Parlamento, para conduzir uma ação militar em represália ao bombardeio de uma cidade turca fronteiriça.

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O assessor internacional do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin, foi quem minimizou a chance de conflito.

"A Turquia é capaz de proteger suas fronteiras e retaliará quando necessário. As iniciativas políticas e diplomáticas [para resolver a crise na Síria] continuarão", disse, em mensagens no microblog Twitter.

Evrim Aydin/Efe
Policiais usam gás lacrimogêneo para conter protestos de turcos contra intervenção na Síria, em Ancara
Policiais usam gás lacrimogêneo para conter protestos de turcos contra intervenção na Síria, em Ancara

Pouco após a votação, o vice-premiê, Besir Atalay, insistiu que a prioridade dos turcos são as ações em coordenação com a comunidade internacional e disse que a medida aprovada pelo Parlamento foi feita em caráter preventivo.

"Esse governo não é para fazer uma guerra, mas [a medida] está nas nossas mãos para ser usada a fim de proteger os interesses turcos".

De acordo com a emissora de TV britânica BBC, não há apetite em nenhum dos dois lados para uma guerra, assim como entre os membros da Otan e países ocidentais.

O governo turco também enfrentaria a oposição da população do país. Durante a votação que autorizou o envio de tropas, centenas de pessoas faziam um protesto na porta do Parlamento.

Centenas de manifestantes ficaram na porta da casa legislativa pedindo que a medida de intervenção não fosse aprovada. Houve confronto com a polícia, que reprimiu os manifestantes com gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

Na rede social Facebook e no microblog Twitter, turcos usaram a hastag #notowar para chamar atenção para a possível intervenção militar.

RETALIAÇÃO

Apesar das declarações contrárias à guerra, o Exército turco fez bombardeios durante a madrugada e a manhã em alvos militares da Síria na região de fronteira.

A ação terminou com a morte de diversos soldados leais ao ditador Bashar Assad, de acordo com o grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres.

De acordo com a agência de notícias France Presse, os disparos foram interrompidos no início da tarde (manhã em Brasília).

AFP
Rebeldes sírios preparam lançador de foguetes em ação na fronteira com a Turquia, nesta quinta
Rebeldes sírios preparam lançador de foguetes em ação na fronteira com a Turquia, nesta quinta

O vice-premiê turco também disse que o regime sírio pediu desculpas na noite de quarta, que, segundo ele, assumiram a responsabilidade pelo incidente na fronteira. O regime de Bashar Assad ainda não fez nenhum comunicado oficial sobre o tema.

O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, também entrou em contato com integrantes do governo de Damasco e pediu a confirmação do ataque como um acidente. "Eles [os sírios] garantiram que o ocorrido foi uma trágica fatalidade e tomarão todas as medidas para que isso não se repita".

Ele ainda pediu que as autoridades dos dois países mantenham um contato direto para discutir a situação dos refugiados e os confrontos da fronteira. Lavrov ainda reconheceu que o conflito sírio "começou a cruzar as fronteiras do país".

VOTAÇÃO

Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress

O Parlamento da Turquia autorizou o Exército do país a fazer operações militares contra a Síria durante o prazo de um ano. A decisão foi aprovada com 320 votos a favor e 129 contra, sendo a maioria dos votos favoráveis do governista Justiça e Desenvolvimento (AKP, sigla em turco).

O pedido foi feito pelo governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan com a justificativa de que o ataque é uma séria ameaça à segurança nacional.

O episódio de quarta-feira não foi um evento isolado. Na sexta-feira passada, outra bomba danificou prédios residenciais e comerciais, também em Akçakale.

Em junho, a defesa antiaérea síria derrubou um avião de combate turco, levando a Turquia a reforçar seu dispositivo militar na fronteira.

A duração do conflito na Síria já havia desgastado as relações habitualmente amigáveis entre os dois países. Após ataques do regime de Bashar Assad à população civil, o governo turco se uniu aos críticos do regime sírio.

O país também abriga mais de 90 mil refugiados do país vizinho, mas teme muitos mais atravessem a fronteira, sem uma solução para o confronto sírio no curto prazo.

 

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