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29/10/2012 - 14h59

Protesto secularista na Turquia é reprimido com gás e canhões de água

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DA REUTERS, EM ANCARA

A polícia de Ancara, capital da Turquia, usou canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar milhares de manifestantes secularistas que compareceram a um comício proibido pelo governo local, nesta segunda-feira. O comício protestava contra um suposto aumento da influência islâmica no governo do país.

Milhares de homens e mulheres saíram às ruas da cidade nesta segunda-feira portando bandeiras turcas e com o rosto de Mustafá Kemal Atatürk, o fundador da Turquia moderna. Há uma grande divisão no país entre secularistas e religiosos conservadores.

O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan venceu as eleições de 2011 e conquistou um terceiro mandato, com o apoio de 50% da população. Porém, secularistas turcos temem que o partido de Tayyip Erdogan tenha tendências islâmicas que ameaçam a república secular estabelecida por Atatürk, no início do século 20.

Adem Altan/AFP
Milhares empunham bandeiras da Turquia, em frente ao mausoléu de Atatürk, fundador da república turca moderna
Milhares empunham bandeiras da Turquia, em frente ao mausoléu de Atatürk, fundador da república turca moderna

O governo local de Ancara, que também é controlado pelo partido de Tayyip Erdogan, tinha proibido a manifestação, considerando-a "provocação". Para os opositores, é uma tentativa de silenciá-los.

Os manifestantes combinaram de realizar uma marcha, saindo do prédio do Parlamento, no centro da cidade, até o mausoléu de Atatürk, para celebrar os 89 anos da fundação da república da Turquia. Entre os cânticos proferidos pelos manifestantes, estavam "renunciem, governantes! Maldito Tayyip!" e "a Turquia é secularista e assim deve permanecer!"

Uma barricada da polícia impediu os manifestantes de avançarem. Foi quando houve um confronto entre as forças de segurança e os secularistas. Alguns dos manifestantes reclamaram do uso de canhões de água e gás lacrimogêneo por parte da polícia, já que a multidão incluía crianças e idosos. De acordo com a polícia, objetos foram arremessados contra ela pelo público.

Depois de várias horas, a barricada foi desfeita e os policiais permitiram que os manifestantes seguissem até o mausoléu.

GUINADA RELIGIOSA

Erdogan foi eleito pela primeira vez há uma década, com maioria absoluta dos votos. Sua gestão fez com que a Turquia crescesse em prestígio aos olhos do Ocidente, que passou a considerar o país como um exemplo democrático numa região politicamente instável.

No entanto, nos últimos anos, as críticas ao seu governo têm aumentado, com políticos, acadêmicos e jornalistas indo para a prisão, acusados de tramar contra o governo. Na última semana, mais de 300 oficiais do Exército foram condenados por conspiração contra Erdogan. O Comitê de Proteção aos Jornalistas diz que o país prendeu mais jornalistas que o Irã e a China no último mês.

Além disso, os secularistas reclamam das crescentes restrições às bebidas alcoólicas e reformas no sistema educacional que, para eles, aproximam o país de uma república islâmica.

Egito e Tunísia, aliados do governo de Erdogan, enfrentaram protestos semelhantes de secularistas no último mês. Os dois países se livraram de ditaduras durante os eventos da Primavera Árabe, mas a oposição aos seus novos mandatários dizem que os países estão cedendo à influência islâmica.

 

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