Quase 6 milhões de ex-detentos estão impedidos de votar nos EUA

Mais de 5,85 milhões de cidadãos americanos estão impedidos de votar nesta terça-feira (6) porque foram condenados por delitos e, embora tenham cumprido suas sentenças, permanecem sem direito ao voto.

De acordo com ProCon.org, entidade sem fins lucrativos que diz "fornecer recursos para o pensamento crítico", 47% dos ex-condenados cometeram delitos violentos, 17%, contra a propriedade, e 22%, vinculados a drogas.

Cada um dos 50 Estados tem suas próprias leis. Vermont e Maine, por exemplo, permitem o voto de presos. Nove Estados restringem permanentemente o voto de ex-condenados.

Veja fotos da eleição americana

"Quem propõe a restauração do direito de voto sustenta que os condenados que já pagaram sua dívida com a sociedade cumprindo suas sentenças deveriam recuperar todos os seus direitos e privilégios", informa o a organização. Os que se opõem à privação do voto dizem que as leis são injustas, antidemocráticas e respondem a motivos políticos ou raciais.

Os partidários da restrição, por sua vez, argumentam que a lei é similar às que limitam o voto por razões de idade, domicílio e saúde mental, às que impedem que quem tenha cometido crimes violentos adquiram armas ou quem cometeu abusos sexuais se aproximem de escolas.

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Com 2,3 milhões de pessoas na prisão, os EUA têm a taxa de encarceramento mais alta do mundo: 743 pessoas para cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar está a Rússia, com 577 presos para cada 100 mil habitantes.

Nos Estados Unidos, as minorias são as mais prejudicadas pela restrição ao voto a ex-detentos. Quase três décadas de endurecimento das penas por delitos vinculados a drogas multiplicou a proporção de jovens na prisão. Os negros são 12% da população do país e quase 40% dos presos. Os hispânicos, 14% da população e 21% da população carcerária.

Mesmo cumprindo as sentenças, milhões de jovens, negros e hispânicos ficam privados do direito a voto --direto exercido hoje por mais de 160 milhões de cidadãos.