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16/11/2012 - 06h03

Análise: Israel agora não está correndo para invadir Gaza

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DAN WILLIAMS
DA REUTERS, EM JERUSALÉM

A ameaça de Israel de fazer uma reprise de sua invasão da faixa de Gaza de quatro anos atrás se seus ataques aéreos contra o Hamas não puserem fim aos disparos de foguetes vindos do enclave palestino oculta diferenças importantes entre o que ocorreu então e agora.

Dois dias depois de iniciado o ataque, a ausência do bombardeio aéreo intensivo visto no início da última guerra de Gaza, em 2008, sugere que os israelenses ainda não estão preparando pontos de acesso mais seguros para tropas terrestres.

Um comunicado do gabinete israelense divulgado na quarta-feira falou apenas em "melhorar" a segurança nacional --reconhecimento de que o governo não nutre ilusões sobre esmagar os militantes de uma vez por todas.

Há também uma diferença nítida no número de baixas, com ao menos 15 militantes e civis palestinos mortos um dia depois de iniciada a ofensiva, contra cerca de 270 no mesmo período em 2008.

A diferença de escala e ritmo em relação a 2008 revela muito sobre a posição delicada do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.

O governo israelense anterior, centrista, gozava de amplo apoio do Ocidente e, tacitamente, entre potências árabes alinhadas com os EUA.

Mas a má vontade demonstrada por Netanyahu em tentar negociar uma paz com os palestinos moderados do Hamas provocou reações negativas na Europa e em Washington, e ele enfrenta um ambiente cada vez mais hostil no Oriente Médio.

Embora as pesquisas de opinião apontem Netanyahu como favorito na eleição israelense do próximo 22 de janeiro, essa dianteira pode se esvair se soldados acabarem envolvidos em combates prolongados na faixa de Gaza.

"Em Israel, o apoio popular a uma campanha militar pode ser transitório", disse à Reuters Yoaz Hendel, comentarista de assuntos militares e ex-porta-voz de Netanyahu. "Não vejo uma preocupação de longo prazo em Gaza acontecendo antes da eleição."

Por outro lado, Israel está revoltado com as saraivadas de mísseis que vêm transtornando a vida no sul de seu território, agravando as ameaças que proliferam em suas fronteiras com Egito, Síria e Líbano.

E Netanyahu não pode correr o risco de parecer fraco diante dos guerrilheiros na faixa de Gaza quando há tanto tempo vem ameaçando com uma guerra de último recurso para negar ao Irã os meios de desenvolver armas nucleares.

Indagado anteontem se Israel pode enviar forças terrestres para a faixa de Gaza, o brigadeiro-general Yoav Mordechai respondeu: "Há preparativos. Se isso se tornar necessário, a opção de entrada por terra está disponível."

O aposentado chefe de espionagem do Mossad Efraim Halevy aconselhou seus compatriotas a não derrubarem o Hamas, para impedir que islâmicos mais radicais comandem a faixa de Gaza.

Mas o Hamas assinalou sua resistência inflexível, dando ontem a Ahmed Jabari --o comandante militar do Hamas executado em ataque de míssil de Israel na quarta-feira, quando circulava de carro em Gaza--, um enterro de herói.

O movimento prometeu redobrar sua longa guerra contra Israel. No entanto, militarmente inferior aos israelenses e visto pelo Ocidente como obstáculo à paz, o Hamas apelou ao Egito por ajuda, aparentemente achando pouco o fato de Cairo ter chamado de volta seu representante diplomático em Tel Aviv.

Tradução de CLARA ALLAIN

 

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