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17/11/2012 - 03h30

América Latina resiste à crise, diz OCDE

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CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A CÁDIZ

A América Latina apresentou-se, na abertura da 22ª Cúpula Iberoamericana, como uma região que continua resistindo bravamente aos embates da crise econômica global, mas que, ao mesmo tempo, "não pode ficar encantada [consigo mesma] só porque a Europa vai mal, pois o nível de bem-estar dos europeus é muito maior".

Foi o que disse o mexicano Ángel Gurria, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clubão dos 33 países mais desenvolvidos, ao apresentar o Panorama Econômico da América Latina.

Como a Folha já mostrou ontem, o panorama diz que a América Latina crescerá 3,2% este ano e 4% no ano que vem, índices significativos, se comparados aos do mundo desenvolvido, em que ou há recessão ou o crescimento chega no máximo a 2%.

Gurria deixou claro, no entanto, que não cabe complacência, até porque "o crescimento potencial da região é ainda baixo".

No caso específico do Brasil, não só o crescimento potencial é baixo como o crescimento real, este ano, será bastante reduzido (1,6%), de acordo com os dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), que compartilha com a OCDE o panorama da região.

O Banco Central brasileiro tem a mesma previsão.

Nesse cenário, sucederam-se as pregações em favor do que a também mexicana Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, chamou de "mudança estrutural virtuosa" e que Enrique García, presidente da CAF (Corporação Andina de Fomento), qualificou: seria trocar as "vantagens comparativas pelas vantagens competitivas".

Tradução: hoje, a região depende demais das commodities, dádiva da natureza, que, no entanto, são de baixo valor agregado. Caberia agora ao homem latino-americano agregar valor para competir globalmente.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO

Alicia Bárcena chegou a lamentar que "a reprimarização" esteja de volta à América Latina, "acompanhada de um processo de desindustrialização".

É uma alusão que vem se tornando clássica à chamada "doença holandesa", a dependência excessiva de um ou dois produtos primários, o que vai matando a indústria. É um debate recorrente no Brasil, ainda sem conclusão definitiva. Mas o foco do panorama este ano não foi esse. Foram as PyMes (Pequenas e Médias Empresas, na sigla em espanhol), que são 99% do total de companhias do subcontinente e respondem por dois de cada três empregos.

Não obstante, as "pymes" contribuem com apenas 20% do PIB regional, cabendo o grosso da produção econômica às grandes empresas.

Essa concentração acaba sendo natural ante a dificuldade de financiamento que sufoca as pequenas e médias, que abocanham só 12% do crédito total, quando, nos países da OCDE, a porcentagem supera o dobro e vai a 25%.

De todo modo, a exposição sobre a economia e as "pymes" acabou sendo uma repetição de queixas e propostas que se fazem todos os anos em encontros assim.

A novidade ficou a cargo de Luis Alberto Moreno, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que anunciou o projeto "Conecta Américas", destinado a respaldar pequenas e médias empresas para que se globalizem -- US$ 70 milhões a quem queira investir no exterior e mais US$ 350 milhões como garantias bancárias a quem queira entrar em concorrências no exterior.

 

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