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Para ativista israelense, ataque a Gaza é 'erro estratégico'
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MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Na última quarta, um texto em árabe com o esboço de um acordo entre Gaza e Israel chegou às mãos do pacifista israelense Gershon Baskin, 56, que há meses negociava um cessar-fogo prolongado.
No mesmo dia, porém, o esforço foi por água abaixo, quando Israel matou em um ataque aéreo o comandante militar do grupo islâmico Hamas, Ahmed Jabari, e deu início à maior ofensiva na faixa de Gaza desde 2008.
Em entrevista à Folha, Baskin contou os bastidores da negociação, sem esconder sua frustração. Para ele, a ofensiva é "um erro estratégico", por ter eliminado um interlocutor importante do Hamas e porque dificilmente irá neutralizar os ataques de Gaza.
"Foi um erro, havia a opção de tentar implantar o mecanismo que eu negociava com o Hamas para a trégua", diz Baskin. "O governo israelense tinha total conhecimento desse esforço."
Nascido em Nova York, de onde emigrou para Israel, Baskin, tem PhD em relações internacionais e credenciais para negociar com o Hamas.
Ele foi um dos principais elos na costura do acordo que levou à libertação do soldado Gilad Shalit, em troca de 1.027 prisioneiros palestinos.
Ahmed Jabari, o comandante executado por Israel, desempenhou papel central no episódio, da captura de Shalit em 2006, passando pela negociação do acordo, até entregar pessoalmente o israelense a autoridades egípcias.
Segundo Baskin, o texto com os termos do cessar-fogo tinha a assinatura de Jabari, um dos líderes mais influentes de Gaza, o que confirmava o aval do Hamas para a negociação avançar.
"Já tentamos ataques pelo ar, por terra, execução de líderes palestinos, bloqueios. Nada disso obteve calma. Por que não tentar algo diferente?"
Além disso, afirma Baskin, a morte de Jabari tira de cena o principal contato do Hamas com a inteligência egípcia, responsável pelo "modus vivendi" em Gaza sob o bloqueio israelense, da entrada de suprimentos até a negociação de tréguas.
"Para completar, a ofensiva coloca em risco o acordo de paz com o Egito, que os próprios militares israelenses afirmam ser o maior patrimônio estratégico de Israel", diz.
Baskin nunca esteve com Jabari, mas, pelo que ouviu, havia interesse do comandante militar em uma trégua prolongada, de dez anos.
Sobre a especulação de que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, teria ordenado o ataque para ganhar pontos com vistas à eleição de janeiro, Baskin é cauteloso.
"Não sei, seria muito cinismo começar uma guerra para ganhar a eleição", diz ele. "Mas certamente a popularidade de Netanyahu em Israel será fortalecida."
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