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Após 153 mortes, Gaza tem cessar-fogo
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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A GAZA
Depois de oito dias de hostilidades que deixaram mais de 150 mortos, Israel e o grupo palestino islâmico Hamas chegaram ontem a um cessar-fogo, sob a intermediação do governo do Egito.
O anúncio foi feito no Cairo pelo chanceler egípcio, Mohamed Amr, e pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, resultado de intensos esforços diplomáticos que duraram dias e envolveram vários países.
Pelos termos do acordo, que entrou em vigor às 21h (17h de Brasília), os dois lados se comprometem a suspender todas as hostilidades, e Israel deverá aliviar o bloqueio à faixa de Gaza, facilitando o movimento de bens e pessoas em sua fronteira.
Segundo a polícia israelense, 12 foguetes foram disparados pelo Hamas na primeira hora da trégua.
Horas antes, uma bomba explodiu num ônibus e feriu 28 pessoas em Tel Aviv, a capital econômica de Israel, gerando temores de uma ampliação da violência.
Na faixa de Gaza, o cessar-fogo também foi precedido de violência, com pesados bombardeios israelenses do ar e do mar. No total da ofensiva, foram mortos 148 palestinos e cinco israelenses.
Com a intermediação direta do Egito, a trégua teve envolvimento crucial do governo americano, depois que Hillary visitou Jerusalém e o Cairo para acelerar o acordo.
Hillary manifestou esperança de que o cessar-fogo seja mais que uma solução passageira para as tensões entre Gaza e Israel, que entraram em confronto de larga escala pela segunda vez em menos de quatro anos.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, agradeceu o Egito pelos esforços e em especial o presidente dos EUA, Barack Obama, com quem manteve uma tensa relação nos últimos meses. "Entendo que há cidadãos que esperam uma ação militar mais severa e talvez tenhamos que tomá-la", disse Netanyahu. "Mas, no momento, o melhor para Israel é esgotar essa possibilidade de alcançar um cessar-fogo de longo prazo."
CANTANDO VITÓRIA
Como esperado, ambos os lados cantaram vitória após o anúncio do cessar-fogo. Segundo nota do Exército israelense, a ofensiva em Gaza alcançou suas metas, "infligindo severo dano ao Hamas".
Entre os alvos atingidos, diz o comunicado, estão centenas de bases de lançamentos de foguetes, além da eliminação do comandante militar do Hamas, Ahmed Jabari, executado num ataque aéreo que deu início à ofensiva.
Apesar de ter ficado mais de uma semana sob fogo pesado, o grupo islâmico afirmou que a ofensiva israelense "fracassou em seus objetivos" e que todas as condições impostas pelo Hamas foram incluídas no acordo.
"Depois de oito dias, Deus manteve-se ao lado do povo de Gaza e eles foram obrigados a se submeter às condições da resistência", disse Khaled Meshal, líder do Hamas que negociou o acordo.
A grande dúvida agora é se a trégua será duradoura, já que outros acordos fracassaram em conter o fogo cruzado entre Gaza e Israel.
Para o porta-voz do governo israelense, Mark Regev, a diferença desta vez é a garantia do Egito, cujo governo compartilha a mesma doutrina islamita do Hamas.
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