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Casal da realeza britânica terá de proteger intimidade do filho na era da internet
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BERNARDO MELLO FRANCO
DE LONDRES
Numa ilha famosa pela profusão de tabloides sensacionalistas, o casal William e Kate terá um novo inimigo na batalha para preservar a intimidade do futuro herdeiro da coroa britânica: a internet.
O "royal baby", como está sendo chamado o filho do casal, será o primeiro candidato ao trono a nascer e crescer na era da informação em tempo real, comentada a cada instante nas mídias sociais.
O risco de superexposição preocupa pesquisadores da realeza como o escritor Hugo Vickers, autor de biografia da rainha-mãe lançada em 2005.
"Esse é o maior desafio que William e Kate devem enfrentar", disse à Folha, na terça-feira. "Vai ser um problema. Depois que a gravidez foi anunciada, mil pessoas tuitaram sobre o assunto a cada segundo. Nós vamos assistir a cada passo deste bebê, antes mesmo de ele nascer."
Para Vickers, a patrulha virtual deve aumentar a pressão sobre o casal durante a gestação e nos primeiros anos de vida do futuro rei ou rainha da Inglaterra.
"As pessoas já estão palpitando sobre várias coisas, como a escola que a criança vai frequentar. O que se espera é que eles consigam criá-la da forma mais natural possível."
"É possível que um dia o bebê ganhe uma conta no Twitter, como integrantes de outras famílias reais fora da Inglaterra. Seria uma boa forma de satisfazer essa voracidade", brinca o escritor.
Em 1952, quando Elizabeth 2ª foi coroada, as informações circulavam em volume e velocidade menores. Parte da Commonwealth, o grupo de 16 países que têm a rainha como chefe de Estado, ainda não tinha sequer acesso à TV.
O "royal baby" também será o primeiro a nascer depois da mudança que garantirá a igualdade de gêneros na sucessão real. Se Kate der à luz uma menina, ela será a futura rainha da Inglaterra, mesmo que o casal venha a ter um filho homem no futuro.
"É uma mudança sintonizada com os dias de hoje, embora a Inglaterra já tenha tido rainhas excelentes no passado", diz o escritor.
"Às vezes, é melhor ter uma mulher como chefe de Estado. Se uma rainha precisa demitir um ministro, ele tende a resistir menos, até por questão de cavalheirismo."
Como muitos especialistas, Vickers é um defensor entusiasmado da monarquia, cuja permanência é vista em alguns países como excentricidade.
"Os republicanos querem que o chefe de Estado seja eleito, mas veja a qualidade das pessoas que eles elegem", provoca.
Para o escritor, a ideia de que Deus escolhe famílias para reinar pode sobreviver ao século 21. "É um bom sistema. Mesmo que não goste do primeiro-ministro, você respeita o chefe de Estado."
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