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03/01/2013 - 16h11

Ministro argentino é criticado por churrasco em antigo centro de tortura

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DE SÃO PAULO

Organizações de defesa dos direitos humanos exigem a renúncia do ministro da Justiça argentino, Julio Alak, por ele ter promovido um churrasco de fim de ano na antiga Esma (Escola de Mecânica da Marinha), o mais célebre centro de detenção, tortura e execução de presos políticos do país durante a ditadura militar (1976-1983).

A denúncia do churrasco, ocorrido no último dia 27, no qual compareceram 2.000 pessoas, foi feita pela entidade Herman@s de Desaparecidos por Verdad y Justicia.

"É absolutamente irritante e horripilante o que fizeram na Esma. Chegaram a um ponto em que a falta de respeito é absoluta", afirmou a uma rádio local o presidente de uma associação de ex-presos políticos, Carlos Gregorio Lordkipanidse, segundo o jorna "Clarín".

"O que se festejou foi o fim de ano do Ministério da Justiça, houve obrigatoriedade de comparecimento, puseram microfones nos lugares de trabalho. Mandaram para a churrasqueira quilos de carne, o que, aos que conhecem este lugar, é de mau gosto", denunciou Lordkipanidse, que foi torturado na Esma e viu militares ameaçarem seu filho de 20 meses de idade.

AUSCHWITZ

Lordkipanidse, que pediu a renúncia imediata do ministro, acrescentou que "os detidos que chegavam mortos [à Esma] eram cremados em uma churrasqueira" e comparou o gesto de Alak a "fazer pães doces nos fornos de Auschwitz".

A Herman@s de Desaparecidos por Verdad y Justicia afirmou em comunicado que "este depreciável churrasco constitui um ultraje à memória" dos mais de 5 mil desaparecidos políticos que passaram pelo edifício durante a ditadura e "uma ignominiosa afronta aos familiares que continuam perguntando sobre o destino de seus entes queridos".

O ex-deputado Miguel Bonasso, antigo guerrilheiro e ex-aliado de Cristina Kirchner, também repudiou o ato afirmando que "Este governo está arrasando inclusive com algumas virtudes que o haviam originalmente lhe outorgado legitimidade, como a recuperação da memória histórica. Mas, claro, o que se pode fazer com tipos como Alak, capazes de abrir uma discoteca em Auschwitz".

Atualmente, no prédio da Esma, funciona o Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti, um museu sobre a ditadura militar.

 

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