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07/01/2013 - 06h00

Omã é fator de moderação entre vizinhos do golfo Pérsico

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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A MASCATE (OMÃ)

Uma mistura de Brasil, pela boa relação com os vizinhos, e Suíça, pela política de neutralidade. Com essas credenciais diplomáticas, o Sultanato de Omã se destaca como fator de moderação numa região marcada por rivalidades explosivas.

A aptidão do país em navegar por mundos antagônicos tem sido especialmente útil ao permitir um raro canal de diálogo entre o Irã e o Ocidente, em meio à escalada de tensão em torno do programa nuclear persa.

É uma influência discreta, porém de repercussão global. Segundo diplomatas ouvidos pela Folha, Omã tem papel importante em persuadir o Irã a não fechar o estreito de Hormuz, por onde passa um quinto da produção mundial de petróleo.

A solução de outras crises recentes também teve o dedo do governo de Omã. A última delas foi a libertação de um diplomata iraniano acusado de espionagem após seis anos detido em Londres.

"Quero agradecer ao sultão Qaboos por reconhecer a sensibilidade da região e a seu governo por reduzir a tensão", disse Nosratollah Tajik ao desembarcar em Mascate a bordo de um avião da Real Força Aérea de Omã.

A diplomacia omani também foi crucial na libertação de dois alpinistas americanos em 2011, que haviam ficado dois anos presos no Irã, acusados de espionagem.

Além da política de neutralidade e não intervenção, a composição religiosa da população também facilita o papel de mediador de Omã e o diferencia dos demais países árabes do golfo Pérsico.

A maioria dos omanis professa o ibadismo, uma vertente do islã que não é nem xiita, majoritária no Irã, nem sunita, como na maioria dos demais países árabes.

Isso permite que o país mantenha-se fora da rivalidade entre membros das duas principais correntes do islã, origem de profundo antagonismo e sangrentos episódios de violência sectária.

Na guerra civil da Síria, enquanto vizinhos mais ricos do golfo como Arábia Saudita e Qatar tomaram o lado dos rebeldes, abastecendo-os com dinheiro e armas, Omã manteve firme o seu princípio da não intervenção.

Para Mohamed Al Muqaddam, chefe do departamento de história da Universidade Sultão Qaboos, a vocação mediadora vem da ausência de tensões sectárias e do caráter de nação marítima, que deu ao país um amplo espectro de relações comerciais.

"Somos como o Brasil, não temos inimigos", sorri.


O repórter MARCELO NINIO viajou a convite do sultanato de Omã

 

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