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Líder supremo do Irã rejeita diálogo direto com Estados Unidos
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SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou ontem a proposta dos EUA para iniciar conversas diretas sobre o programa nuclear iraniano e cobrou o fim das pressões americanas como condição prévia ao diálogo.
O anúncio põe fim às especulações de que um contato entre os arqui-inimigos poderia ajudar a romper o impasse nas negociações formais entre o Irã e as grandes potências, que têm nova rodada no fim deste mês.
Discursando diante de militares em Teerã, Khamenei respondeu à oferta de diálogo, aventada nos últimos meses e reiterada no fim de semana pelo vice-presidente americano, Joe Biden.
"Negociações com os EUA não irão resolver o problema", disse Khamenei, em meio ao clima de ufanismo estatal pelo 34º aniversário da revolução islâmica, celebrado no domingo.
"Vocês [americanos] apontam a arma ao Irã e dizem: 'negocie, se não apertamos o gatilho'. A nação iraniana não será intimidada com essas ações".
Khamenei respondeu à metáfora americana pela qual "a bola está no campo do Irã" a respeito de eventuais conversas entre os dois países, rompidos desde 1980.
"A bola está no seu campo, porque vocês [americanos] precisam explicar como podem falar em diálogo e ao mesmo tempo continuam [nos] pressionando e ameaçando", disse o líder, numa aparente referência às crescentes sanções e ameaças de ataque militar por parte dos EUA.
Além da mensagem aos inimigos externos, o recado pareceu estar destinado também ao grupo político do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que está em disputa aberta com aliados incondicionais do líder supremo às vésperas da eleição presidencial de junho.
Ahmadinejad, que não pode concorrer novamente mas tenta emplacar um aliado, vem defendendo abertamente a necessidade de diálogo com os EUA. Horas depois da oferta de Biden, o chanceler iraniano havia dito que Teerã estava disposto a negociar.
Khamenei disse ontem que "somente os ingênuos [...] se empolgaram com a oferta americana". Ele lançou uma clara ameaça ao campo dissidente: se alguns querem que os EUA governem esse país outra vez, a nação os agarrará pelo pescoço".
A advertência ecoa o antigo temor iraniano de que os EUA têm uma agenda oculta que visa derrubar a república islâmica e instaurar em Teerã um regime alinhado aos interesses ocidentais, a exemplo da ditadura varrida do poder pela revolução de 1979.
Embora sem contato direto, Irã e EUA negociam no plano multilateral, como parte das negociações nucleares entre Teerã e o grupo que reúne os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.
As duas partes têm novo encontro no próximo dia 26, no Cazaquistão, em busca de uma solução política que ponha fim às suspeitas de que o Irã desenvolve um arsenal atômico, o que Teerã nega.
O discurso de Khamenei reforça a previsão de que o Irã não fará concessões ao seu programa nuclear enquanto as potências não oferecerem em troca o fim das sanções e o reconhecimento do direito iraniano de enriquecer urânio paras fins civis.
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