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Justiça italiana responsabiliza Estado por acidente aéreo em Ustica em 1980
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ELIANE TRINDADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Trinta e três anos depois da explosão em pleno no ar do DC-9 da Itavia, que caiu próximo à ilha de Ustica, na Sicília, a Justiça responsabilizou o Estado italiano pela queda do avião comercial, com 81 pessoas a bordo, em 27 de junho de 1980.
A Suprema Corte de Cassação julgou recurso, em última instância, do processo cível movido pelas famílias de quatro vítimas. "O Estado italiano foi responsabilizado por ter a obrigação de proteger seu espaço aéreo e garantir a segurança do voo", afirma a advogada Vanessa Fallica, que representa os familiares.
A condenação reforça a tese de que o DC-9 foi abatido por um míssil, numa tentativa de interceptação do avião que supostamente transportava o ditador líbio Muammar Gaddafi, morto em 2011. Caças americanos, franceses e líbios faziam manobras militares na área do acidente.
As investigações do processo penal até hoje não chegaram a uma conclusão quanto às causas da explosão.
A outra hipótese era de que a queda teria sido causada por uma bomba em um dos banheiros. Versão descartada após uma das perícias revelar que a maçaneta do lavatório estava intacta.
"Depois de ler milhares de páginas do processo, a minha convicção é de que o avião foi derrubado por um míssil lançado para abater o caça que pensavam transportar Gaddafi", diz Vicenzo Fallica, também advogado dos familiares das vítimas.
Autoridades dos três países diretamente envolvidos foram intimadas, via carta rogatória, a responder sobre os fatos. As averiguações não foram adiante sob alegação de "segurança nacional".
Pressionada pelo governo italiano, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) entregou aos magistrados italianos a lista dos aviões militares em voo na noite da explosão do DC9. Foram identificados 15, à exceção de caças que partiram de uma base francesa na Córsega.
Fatos que fazem aumentar os mistérios em torno da explosão. Testemunhas-chaves tiveram mortes suspeitas, como suicídios e acidentes. Entre os militares que morreram no curso das investigações está o oficial que fazia o controle do espaço aéreo italiano na noite do acidente.
O governo terá de pagar uma indenização de 1,2 milhão de euros (R$ 3,17 milhões) aos parentes das quatro vítimas. O processo de cível se arrastava há décadas. O primeiro julgamento a favor dos familiares foi proferida em 2007, 17 após o fato. O governo recorreu, mas a decisão foi mantida em 2010, sendo confirmada agora em última instância.
O processo criminal até hoje não foi concluído.
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