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16/02/2013 - 05h24

Santa Sé indica dono de estaleiro para banco

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GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Quatro dias depois de o papa Bento 16 anunciar sua renúncia, a Santa Sé nomeou o advogado alemão Ernst von Freyburg para presidir o IOR (Instituto de Obras Religiosas), como é conhecido o Banco do Vaticano.

O banco tem sido a origem de boa parte das tensões da Cúria Romana nos últimos meses, desde a demissão do italiano Ettore Gotti Tedeschi, ligado à Opus Dei e um dos homens de confiança do papa.

A decisão pode ser a última grande alteração na estrutura do Vaticano ainda sob o pontificado de Bento 16 não ficou livre de polêmica.

Freyburg é dono de um estaleiro e se manterá no cargo, acumulando-o com o de banqueiro da igreja, o que gerou questionamentos ontem sobre conflito de interesses.

A nomeação foi feita por uma comissão de cardeais e aprovada pelo papa, segundo o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.

O porta-voz disse que não vê razões para esperar a definição do próximo papa para trocar o comando do banco, porque o presidente do IOR é um cargo técnico.

"Por que atrasar o processo já concluído e bem feito? Não há desrespeito com o novo papa por nomear apenas um técnico", disse.

Freyburg é presidente do estaleiro alemão Blohm+Voss Group. Além do critério de experiência como executivo, pesou na escolha a "capacidade de se inserir no ambiente eclesiástico", segundo a Santa Sé.

Bento 16 e Von Freyburg não se conhecem pessoalmente. O novo banqueiro é membro da Ordem de Malta, organização católica criada há 900 anos, e participa de uma ONG que leva doentes alemães ao santuário de Lourdes.

O presidente foi escolhido num processo do qual participaram 40 candidatos avaliados por técnicos do Vaticano e uma firma de recrutamento.

Uma comissão de cardeais --da qual fazem parte o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer-- escolheu von Freyburg entre os seis finalistas, conforme o porta-voz do Vaticano.

Ettore Tedeschi, amigo do papa, foi demitido do cargo sob suspeitas de má gestão em 2012. Documentos secretos vazados no escândalo do VatiLeaks apontam o cardeal Bertone como o responsável por uma campanha para desmoralizar Tedeschi.

O novo presidente não terá dedicação integral ao banco do Vaticano e só ficará em Roma três dias por semana. Ele deve permanecer no seu cargo no estaleiro.

Lombardi negou que haja problemas no acúmulo de funções, mas disse que ainda não está claro como ele vai organizar o tempo.

A entrevista coletiva ficou tensa ontem quando um repórter disse que o estaleiro fabricava navios de guerra.

"Eu não sei se fabrica navios de guerra, mas isso não é nenhuma contraindicação, ele ajuda a levar peregrinos a Roma e tem uma grande sensibilidade humana e cristã", respondeu o porta-voz.

Instantes depois, ele recebeu um comunicado de que o estaleiro não produz embarcações militares.

 

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