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Berlusconi tenta voltar ao poder três meses após renúncia
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DA AFP, EM ROMA
O multimilionário Silvio Berlusconi é o que se pode chamar de "especialista em retornos", aquele político que consegue sempre renascer das cinzas, a despeito dos escândalos judiciários e sexuais que teriam destruído sua carreira em qualquer país ocidental.
Em 12 de novembro de 2011, a Itália se encontrava à beira da asfixia, e Berlusconi deixou o poder sob vaias, passando o cargo ao tecnocrata Mario Monti. Neste fevereiro, o ex-premiê obtém um crescimento espetacular aos 28,5% das intenções de voto, diminuindo a diferença para seu adversário em quatro ou cinco pontos.
O segredo? Uma cara de pau que o deixou dizer que Monti "mergulhou a Itália na recessão". No dia seguinte, Berlusconi chegou a sugerir que o adversário poderia votar nele. Além disso, prometeu aos italianos que não somente baixará os impostos, mas reembolsará o que foi pago no ano passado.
Tudo isso aparecendo na mídia com uma presença que não enfraqueceu, apesar dos 76 anos. Muito preocupado com a aparência, este homem de baixa estatura recorre sem pestanejar a maquiagem, tinta de cabelo e cirurgia plástica.
CARREIRA
Filho de um bancário milanês, Berlusconi nasceu em 29 de setembro de 1936 e começou a carreira em barcos que faziam cruzeiros, onde trabalhava cantando e contando histórias engraçadas. Vendedor de aspiradores de pó no final dos anos 1950, em 1961 ele se forma em direito e faz um empréstimo no banco onde o pai trabalhava para fundar uma sociedade imobiliária.
Começa então uma irresistível ascensão que provoca questionamentos quanto à origem de sua fortuna, sobre a qual ele sempre foi reticente.
Mas foi sobretudo na televisão que a genialidade transpareceu. Desde os anos 1980, Berlusconi espalha pela TV italiana uma série de programas cujas principais atrações são mulheres seminuas. A holding da família, a Fininvest, conta com três canais de televisão, jornais e uma editora, a Mondadori. Mas a cereja do bolo para este fanático por futebol é o Milan AC, time campeão da Itália em 2011.
Durante dez anos, Berlusconi foi dono da maior fortuna da Itália, antes que as crises nas bolsas de todo o mundo o puxassem para o terceiro ou o quarto lugar.
Em 1994, se lançou na política. Em algumas semanas ele fundou o Forza Italia, formado essencialmente por funcionários de sua holding. Berlusconi ganhou as eleições mas, abandonado pelos aliados, fracassou dentro de sete meses. Em 2001, reconquistou o poder, ficando até 2006 --duração recorde no pós-guerra.
Desgastado após cinco anos, foi derrotado nas eleições, mas faz uma revanche surpreendente dois anos mais tarde, chegando ao poder pela terceira vez, antes de pedir demissão em 2011.
ESCÂNDALOS
No poder, seus problemas pessoais, especialmente judiciais, ficaram em primeiro plano. Berlusconi foi várias vezes condenado em primeira instância, mas não obteve nenhuma sentença definitiva graças, segundo seus opositores, a manobras legislativas.
Seu gosto assumido por jovens e belas mulheres -- até mesmo garotas de programa -- culminou no pedido divórcio em 2009 e no processo por prostituição de menores e abuso de poder, protagonizado pela jovem marroquina "Ruby" e as tórridas festas "bunga bunga".
Pai de cinco filhos frutos de dois casamentos e avô várias vezes, este personagem nada comum provoca em seus compatriotas ou adoração ou ódio visceral. Em dezembro de 2009, um homem atirou contra o rosto de Berlusconi uma reprodução do Cúpula de Milão, quebrando dois dentes e o nariz do presidente.
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