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Capriles questiona data da morte de Chávez
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FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
Num duro discurso, no qual questionou até se a data de morte de Hugo Chávez é verdadeira, o governador de Miranda, Henrique Capriles, anunciou ontem que será candidato pela oposição à Presidência da Venezuela nas eleições de 14 de abril.
"Tu, Nicolás [Maduro], fostes capaz de sair ante as câmeras e brincar com a esperança de milhões de venezuelanos. Quem sabe quando morreu o presidente Chávez?", lançou Capriles, que acusou o governo de esconder a informação de que o quadro de saúde presidente era "irreversível" e forjar sua assinatura em decretos.
Capriles chamou de "vergonha" a promessa do ministro da Defesa, Diego Molero, feita na semana passada, de que as Forças Armadas trabalhariam para eleger Maduro presidente. Irônico, disse que Molero foi o "penúltimo" de sua turma na Academia Militar.
A reação do governo foi imediata. Maduro, presidente interino e candidato governista, fez pronunciamento na TV estatal. Com um quadro com a foto de Chávez ao fundo, anunciou que a família do presidente vai tomar "todas as ações judiciais" para processar Capriles.
"O senhor cometeu o maior erro da sua vida. Não é uma ameaça. É a verdade", disse. "Ele a faz porque tem um cálculo: estão provocando a sensibilidade do nosso povo para provocar violência."
Pelo Twitter, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, considerou a fala do candidato opositor uma "declaração de guerra".
"Eu vou lutar com vocês. Nicolás, não vou te deixar o caminho livre, companheiro", disse Capriles, que, como Maduro, se inscreverá hoje como candidato no Conselho Nacional Eleitoral.
O presidente interino e governistas convocaram a militância para transformar, pela manhã, o momento em seu primeiro ato de massas da campanha.
O candidato da oposição, de 40 anos, adotou um tom muito mais agressivo do que usou na campanha presidencial contra Chávez, em outubro passado.
Em desvantagem, pela popularidade do governo e pela comoção em torno da morte de Chávez, Capriles investiu em dois pontos: chamar Maduro e o governo de "mentirosos", martelar que eles não são Chávez e que os próprios chavistas os desprezam.
VELÓRIO E EMENDA
A estratégia governista é fundir a campanha ao velório e homenagens para Chávez. Ontem, Maduro anunciou que o corpo do presidente será transferido a um quartel no bairro de 23 de Enero na sexta e que o governo vai propor uma emenda constitucional para permitir que os restos do esquerdistas sejam levados depois para o Panteão Nacional, onde está o prócer Simón Bolívar.
A campanha também é aberta nas longuíssimas filas de apoiadores que esperam horas para passar ante o caixão de Chávez. Há TVs e telões que ontem transmitiram um discurso de Maduro e suvernirs já da campanha. Grupos musicais se revezam diante do corpo de Chávez cantando palavras de ordem para o presidente e para seu candidato à sucessão.
GLOBOVISIÓN
Os funcionários da TV oposicionista Globovisión foram convocados para uma reunião extraordinária hoje às 13h (14h30 de Brasília) em meio a rumores de que o canal foi vendido a um empresário venezuelano.
Em curta nota em seu site, o canal de TV disse que só se pronunciará hoje sobre a "suposta venda".
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