Análise: Negociação de paz deve ser longa e está só começando

O inimigo público número um da Turquia fez um grande favor ao governo turco. Ocalan, líder da guerrilha curda e homem que Erdogan afirmou certa vez que gostaria de ter visto enforcado, declarou um cessar-fogo imediato em um dos piores e mais prolongados conflitos do mundo.

É uma oportunidade que Erdogan pode aproveitar, apesar da oposição forte que o novo processo de paz certamente vai provocar entre os nacionalistas turcos.

Ele precisa de Ocalan para fechar um acordo histórico, entre outras razões, pelos efeitos decorrentes no norte do Iraque e nordeste da Síria.

Se não se mostrar à altura da ocasião, pode acabar do lado perdedor da disputa regional com Bagdá, Teerã e Damasco, além de agravar as disputas com os curdos.

A negociação será longa e delicada e ainda está em fase inicial. Erdogan terá que começar a reformar suas draconianas leis antiterror, libertar milhares de curdos detidos por expressar suas opiniões e conceder direitos civis fundamentais aos curdos.

Se avançar, a iniciativa pode deixar todos como vencedores, além de reforçar a posição regional do premiê.

Se o esforço fracassar, Erdogan pode se tornar o maior perdedor.