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OMC começa a escolher seu diretor-geral
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LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
A Organização Mundial do Comércio começa hoje a escolher seu novo diretor-geral, com nove candidatos e dois favoritos: o brasileiro Roberto Azevêdo e a indonésia Mari Pangestu.
O novo líder terá de recolocar de pé uma das instituições mais importantes da economia global, que perde relevância conforme se cristalizam impasses entre seus 159 países e se estende a paralisia dos anos de crise mundial.
Esse nó envolve desentravar a Rodada Doha para a liberalização do comércio global e amenizar a rivalidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, que brigam por mais acesso, respectivamente, ao mercado de produtos industrializados e ao de produtos agrícolas.
O próprio processo de seleção, conforme a Folha ouviu de fontes no organismo e nas missões diplomáticas, reflete esse impasse.
Só a América Latina apresentou três nomes: Azevêdo, embaixador do Brasil na OMC; o ex-ministro do Comércio mexicano Herminio Blanco, que passou a última década no setor privado; e a ministra do Comércio Exterior da Costa Rica, Anabel González, cuja cotação subiu nas últimas semanas.
Também dividida está a África, com o ganense Alan Kyerematen, que hoje trabalha para a ONU e foi ministro da Indústria e Comércio, e a queniana Amina Mohamed, no alto escalão da ONU.
Da Ásia vêm Pangestu, que trocou o Ministério do Comércio em 2011 pelo do Turismo, e o chanceler sul-coreano Taeho Bark, visto como azarão.
Completam a lista o neo-zelandês Tim Groser, deputado e ministro que foi definido como muito qualificado, mas excessivamente verborrágico, e o jordaniano Ahmad Hindawi, outro ex-ministro convertido em consultor.
A escolha será em três rodadas, nas quais uma troica formada pelos embaixadores de Paquistão, Suécia e Canadá ouvirá, em sigilo, cada uma das 159 missões. Cada país vota em quatro nomes.
Na primeira etapa, são classificados os cinco mais votados. A expectativa é que fiquem Azevêdo, Pangestu, a costarriquenha González, um dos dois africanos e, na quinta vaga, Groser ou Blanco.
Na segunda fase, serão eliminados três, deixando para a última rodada dois nomes. Mais apostas são evitadas, já que a combinação de "sobreviventes" será determinante.
O resultado sai até o fim de maio, ou possivelmente no meio do próximo mês, como foi na eleição do francês Pascal Lamy, atual dono do cargo, há oito anos. O vencedor assumirá em setembro.
Embora haja promessas privadas, os países evitam declarar voto. Um caso típico é o dos EUA, cujo apoio, na OMC, tem dois gumes: é prova de prestígio, mas tira do candidato o aval dos muitos países que antagonizam Washington na organização.
Curiosamente, os dois favoritos vêm de países cujos governos costumam ser vistos como protecionistas.
Azevêdo tem a seu favor o bom trânsito em Genebra. Os fatos de nunca ter sido ministro e de ter liderado quedas de braço entre países em desenvolvimento e desenvolvidos podem tirar-lhe votos.
Pangestu é igualmente respeitada e experiente. Pesa contra ser do Sudeste Asiático, região do tailandês Supachai Panitchpakdi, que precedeu Lamy. O mesmo problema tem Groser, da Nova Zelândia como Mike Moore, outro ex-diretor (1999-2002).
Editoria de Arte/Folhapress |
sucessao na omc 02/04 |
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