Trump defende candidato republicano ao Senado acusado de abuso sexual

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu em defesa do republicano Roy Moore, que concorre a uma vaga no Senado pelo Alabama, e disse que "não precisamos de um liberal democrata" naquela cadeira.

Moore, 70, conhecido pela defesa de valores conservadores, foi acusado de abusar sexualmente de uma adolescente de 14 anos, em 1979. Ele diz que as acusações são falsas e que pretendem minar sua reputação.

"Ele [Moore] nega, disse que não aconteceu. É preciso ouvi-lo também", afirmou Trump, nesta terça (21).

O presidente declarou ainda que "40 anos é muito tempo", em referência à época em que teria ocorrido o abuso. "Ele concorreu a oito eleições [desde então], e isso nunca foi trazido à tona."

Trump não respondeu se acreditava no candidato, nem se iria fazer campanha para ele. Mas disse que seu adversário, o democrata Doug Jones, é "terrível" no combate a crimes, na proteção da fronteira e nas Forças Armadas.

"Eu posso lhe afirmar com certeza: não precisamos de alguém que seja ruim com o crime, com fronteiras, com militares, com a Segunda Emenda [que estabelece o direito ao porte de armas]", disse o presidente.

OUTROS CASOS

Trump ainda comentou que é "bom para a sociedade" americana que casos de assédio e violência sexual estejam vindo à tona, e que "mulheres são muito especiais". "Eu estou muito feliz que muitas dessas coisas estejam sendo expostas", afirmou.

As denúncias integram uma avalanche de casos de assédio sexual relatados recentemente nos Estados Unidos, que já atingiu políticos, o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, jornalistas de renome nacional e o ator Kevin Spacey (o Frank Underwood da série "House of Cards"), entre outros, e se espalhou entre a sociedade americana por meio da hashtag #MeToo - "Eu também".

O próprio Trump foi acusado, durante sua campanha, de assédio contra mulheres na época em que era empresário e apresentador de televisão –algo que ele sempre negou, e que não comentou nesta terça (21).

Sobre o senador democrata que também é acusado de assédio, Al Franken, o presidente afirmou que "não poderia falar por ele".

ELEIÇÃO

Moore disputará a eleição para o Senado no início de dezembro. Ele vem sendo pressionado por alguns colegas republicanos a desistir da campanha, assim como Franken, que diz que não irá renunciar.

A própria filha de Trump, Ivanka Trump, criticou Moore em entrevista recente e afirmou que "há um lugar especial no inferno para pessoas que abusam de crianças", e que "não tinha razão para duvidar do relato das vítimas".

No total, quatro mulheres acusam Moore de assédio sexual na época em que eram adolescentes, mas apenas uma diz ter sido forçada a beijar e tocar o pênis do republicano. Como não foram denunciados à época, os crimes prescreveram. As denúncias foram trazidas a público pelo jornal "The Washington Post".

A campanha de Moore chamou a reportagem de lixo e "uma perfeita definição de notícias falsas e difamação intencional". "Não é surpresa, em uma corrida eleitoral com efeitos nacionais, que o Partido Democrata e o jornal mais liberal do país façam uma armação como essa."

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