Senado dos EUA questiona gigantes de tecnologia sobre combate ao terror

Crédito: Drew Angerer - 31.out.2017/Getty Images O senador Patrick Leahy apresenta páginas falsas criadas pelos russos durante a eleição dos EUA
O senador Patrick Leahy apresenta páginas falsas criadas pelos russos durante a eleição dos EUA

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

Representantes de três das principais companhias de tecnologia do mundo —Facebook, Google e Twitter— serão inquiridos nesta quarta (17) pelo Senado americano sobre seus esforços para combater o terrorismo e a propaganda extremista na internet.

O evento ocorre em meio ao aumento da pressão pública sobre as "big tech", como são chamadas as empresas, que vêm sendo cobradas pelo avanço de notícias falsas, pelos efeitos psicológicos que provocam em seus usuários e pelo domínio que exercem sobre a publicidade digital, entre outras questões.

Desta vez, a audiência convocada pelo Senado se debruçará sobre os esforços feitos pelas companhias para combater a propaganda extremista.

As redes sociais, em especial o YouTube, que pertence ao Google, são uma das principais ferramentas para a divulgação e o recrutamento de combatentes pelo Estado Islâmico, por exemplo.

"Os terroristas exploram as vulnerabilidades desses sistemas de informação e as liberdades civis de nosso país para prejudicar a nação", disse recentemente o pesquisador Clint Watts, que será ouvido como testemunha na audiência desta quarta.

Para Watts, que foi agente antiterrorismo do FBI e é especialista em segurança nacional, as empresas de tecnologia precisam trabalhar ao lado de agentes de segurança e exigir mais dados pessoais e de autenticação para evitar a automação de perfis, que podem espalhar mensagens extremistas.

"Eu assisti pelo meu laptop e pelo meu celular a milhares de jovens usarem o Facebook, Twitter e Telegram para se unirem ao Estado Islâmico. Eles estão destruindo nossa democracia de dentro para fora", afirmou Watts.

Participarão da audiência a advogada Monica Bickert, líder de políticas globais do Facebook; Juniper Downs, diretora de relações governamentais do YouTube; e Carlos Monje, diretor de políticas públicas do Twitter.

Essa é a terceira vez em menos de dois meses que o Congresso americano convoca os representantes das "big tech" para uma audiência —no que constitui um cerco dos congressistas ao outrora celebrado Vale do Silício.

Em novembro, Google, Facebook e Twitter foram instados a prestar esclarecimentos em duas sessões sobre a propagação de notícias falsas nas eleições americanas de 2016, como parte de uma investigação conduzida pelos parlamentares.

Mas a lista de questionamentos é extensa.

O senador republicano John Thune, que irá presidir a audiência, notificou recentemente a Apple para que explicasse por que os iPhones antigos ficam mais lentos quando a bateria está no fim —e chegou a pedir que a empresa considerasse trocar as baterias de graça.

"É importante que os consumidores saibam o que está acontecendo; essas empresas não têm sido suficientemente transparentes com o povo americano", disse Thune à Bloomberg.

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